Caro Lui,
Muito obrigada pelo comentário. Ele não deixa de ser oportuno porque me dá a chance de esclarecer algumas coisas. Você diz que “se olharmos para a enxurrada de bobagens e futilidades que a TV despeja nos lares brasileiros, o referido quadro soa como algo inteligente”. Mas veja bem: se eu adotasse aqui essa perspectiva, a qual vou chamar de perspectiva de juízos comparativos, não veria nenhum problema nisso que você diz. Contudo, não estou nem um pouco convencida de que devemos adotar juízos comparativos em relação ao que a TV nos oferece. A adoção de tais juízos nos conduz facilmente a praticarmos uma generosidade indevida. A minha frustração, a qual você considera perder um pouco de razão, encontra sua razão no seguinte ponto: está relacionada com as exigências que faço e não com as possíveis comparações, tais como a que você fez.
Não posso deixar de assinalar também mais alguns pontos de desacordo contigo. Você está preocupado com o fato de a filosofia ser popularesca ou pretensiosa. Porém, a primeira preocupação soa incoerente porque se adotarmos a tua perspectiva, isto é, a dos juízos comparativos, a filosofia facilmente será conduzida ao “popularesco”. Já a segunda preocupação me parece equivocada porque a filosofia é e sempre foi pretensiosa (mesmo e, principalmente, fora do dia a dia).