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sexta-feira, janeiro 03, 2020

Considerações sobre o princípio de proporcionalidade entre a causa e o efeito nos Diálogos de Hume



Recebi hoje a excelente e muito aguardada notícia de que mais um artigo meu foi publicado no ano de 2019.

Trata-se, neste artigo, de uma análise do princípio fundamental ─ like effects prove like causes ─ sobre o qual Cleanthes, nos Diálogos sobre a Religião Natural de Hume, apoia sua defesa do argumento do desígnio, bem como de um exame da estratégia argumentativa de Philo para enfraquecer paulatinamente a força do argumento defendido por Cleanthes.

Take a look e tire suas próprias conclusões. Para isso, acesse http://www.revistas.usp.br/discurso/issue/view/11356


sexta-feira, agosto 30, 2019

O Fideísmo Místico de Demea e sua crítica ao Antropomorfismo nos "Diálogos" de Hume




Sensação boa essa de chegar em casa e encontrar um 'packet' contendo aquele artigo publicado depois de tanto tempo guardado e aguardado.

Apesar da espinhosa especificidade do tema, foi escrito no espírito segundo o qual "as decisões filosóficas nada mais são do que as reflexões da vida ordinária, sistematizadas e corrigidas" (EHU 12 | Hume | 1711-1776).

acesso em

Síntese: Revista de Filosofia da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia.





Hume, nos Diálogos sobre a religião natural, faz com que o personagem Demea defenda algumas teses que, a meu ver, podem ser formuladas do seguinte modo: i) a assimilação dos tradicionais atributos divinos depende de argumentos místico-religiosos, pois nossa razão, embora seja potente para provar a existência de Deus, não tem poderes para nos dizer qual a sua natureza; ii)  o antropomorfismo implicado na tese de Cleanthes é inaceitável; e iii) a existência de Deus pode e deve ser demonstrada por um argumento formal ou prova a priori. Pretendo, neste artigo, examinar conjuntamente as duas primeiras teses, uma vez que as entendo como teses solidárias, isto é, uma implica a outra. Defendo que o fideísmo místico (ou misticismo religioso) de Demea está circunscrito à sua concepção religiosa cristã e que seu compromisso mais forte em sua crítica ao argumento do desígnio é com a teologia racional subjacente à prova da existência de Deus. Para tanto, faço um exame dos argumentos que Demea oferece contra o antropomorfismo implicado no argumento do desígnio e suas relações com aquilo que chamei de fideísmo místico.

Palavras-chave: Religião Natural, Existência de Deus, Natureza Divina, Fideísmo Místico, Antropomorfismo.


sexta-feira, maio 26, 2017

Diálogos sobre a religião natural


"No caso dos raciocínios teológicos [...] 
somos como forasteiros numa terra estranha,
aos quais tudo parece suspeito" (D 1 § 10: 37).

[ William Blake | O primeiro dia |1794 ]

Os Diálogos Sobre a Religião Natural, escritos entre 1751 e 1755 e publicados em 1779, constituem-se num dos mais importantes e influentes textos filosóficos de Hume, bem como num dos mais belos e engenhosos exemplos de diálogo filosófico. E embora a obra seja voltada para a temática da filosofia da religião, ela é uma contribuição de primeira grandeza para investigações filosóficas mais gerais como, por exemplo, metafísica, teorias do conhecimento, e também para a própria filosofia moral ou ciência da natureza humana que Hume pretendeu fundar. Nesse sentido, o texto dos Diálogos é um clássico filosófico amplamente reconhecido que figura entre as obras mestras de Hume.


Acesso ao cronograma do evento em http://filosofia.ufsc.br/

I'll be there...


terça-feira, novembro 25, 2014

Artigos do IV Encontro Hume (UEL/2013)

Encontram-se já disponíveis na Revista Natureza Humana ─ Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise - Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fenomenologia e da Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana [ISSN 2175-2834], as publicações dos trabalhos apresentados no IV ENCONTRO HUME, realizado na Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 03-05/09/2013.  São dez artigos distribuídos em dois volumes.

A primeira edição (vol. 15 n.1/2013) conta com os artigos de Andrea Cachel (UFJF), Andrea Faggion (UEL), Gabriel Bertin de Almeida (PUC/Londrina), Franco Nero Soares (IFRS) e Marília Côrtes de Ferraz (UEL). Acesso em:

A segunda edição (vol.15 n.2/2013) traz os artigos de André Luiz Olivier da Silva (UNISINOS), Hélio Rebello Cardoso Jr. (UNESP) e Gonzalo Montenegro (UNESP), Matheus de Mesquita Silveira (UNISINOS) e Adriano Naves de Brito (UNISINOS), Rômulo Martins Pereira (UFRS) e Lívia Guimarães (UFMG). Acesso em: 




Eis o resumo do meu artigo

"O final cut de Hume contra o argumento do desígnio"

Com base na crítica que Hume faz ao argumento do desígnio, especialmente nas partes 10 e 11 dos Diálogos sobre a Religião Natural, meu objetivo neste artigo é, a partir de uma análise da relação entre a existência do mal no mundo e a suposta existência de uma divindade possuidora dos atributos tradicionais do teísmo, defender a tese segundo a qual o tratamento que Hume dá ao problema do mal corresponde, digamos assim, à cartada final ─ o último e decisivo recurso que Philo (o personagem que articula essa crítica) aciona para mostrar que o argumento do desígnio não fornece bases suficientemente sólidas e consistentes para dar suporte à crença na existência de um Deus maximamente poderoso, justo e benevolente; e que, portanto, a existência do mal no mundo tem uma força argumentativa tal que a improbabilidade da existência de Deus é maior do que com base nos argumentos apresentados nas partes 2 a 8 dos Diálogos. Isso significa que eu tomo aqui o problema do mal como o maior problema para o teísta experimental — cuja argumentação pretende provar a existência de Deus a partir da observação dos fenômenos do mundo.

terça-feira, outubro 28, 2014

Ceticismo e Fideísmo em Hume

XVI Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF
27 a 31 de outubro de 2014
Campos do Jordão/SP


Eis o resumo de meu trabalho

Ceticismo e Fideísmo em Hume

Nesta comunicação pretendo discutir se há boas razões para assumir a interpretação segundo a qual Hume ofereceria suportes teóricos ao fideísmo, isto é, à ideia de que a religião encontra na fé, e não na razão, uma base sólida para a sua validade - controvérsia que tem lugar especial em sua obra Diálogos sobre a Religião Natural. Para tanto, divido minha comunicação em três partes. Na primeira, considerando a combinação que Hume faz entre o fideísmo místico de Demea e o ceticismo de Philo, avalio a hipótese segundo a qual sua filosofia poderia autenticar o fideísmo, haja vista ser digno de nota que Philo (personagem mais frequentemente interpretado como porta-voz do próprio Hume), ao ressaltar os limites e incertezas da razão humana, abre espaço para que a fé religiosa possa ser fundamentada em seu ceticismo filosófico. Na segunda, procuro levantar algumas dificuldades à leitura fideísta para, em seguida mostrar, que o ataque cético de Hume às doutrinas e princípios religiosos pode e deve ser interpretado à luz de seu interesse em estabelecer uma consideração científica e secular da moralidade. Por fim, apresento e defendo a hipótese segundo a qual a filosofia de Hume, a despeito das várias passagens em que Philo professa, digamos assim, uma confissão de fé, interdita o acolhimento filosófico do fideísmo, embora não se deva afirmar que ele esteja definitivamente proscrito da compreensão que Hume tem acerca da religião. Isto porque embora o fideísmo não seja desejável, conforme deverei mostrar, ele pode sim ser entendido como teoricamente permissível. No entanto, ainda que o fideísmo possa ser permissível em termos especulativos, as crenças religiosas, no interior da filosofia moral de Hume, resultam ociosas e inoperantes. A bem da verdade, vale ressaltar que elas não apenas se apresentam ociosas e inoperantes, mas, numa compreensão mais acurada, deve-se reconhecer que elas provocam efeitos danosos à sociedade, especialmente nas formas supersticiosas e entusiastas.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Artigos do III Encontro Hume


Encontra-se disponível a primeira edição comemorativa aos 300 anos de David Hume publicada pela Revista Controvérsia (2011/3). Trata-se de uma edição especial que reúne alguns artigos apresentados no III Encontro Hume, ocorrido na UNISINOS em 11-13/05/2011. Essa edição conta com os artigos de André Luiz Olivier da Silva, Fábio Augusto Guzzo, Franco Nero Antunes Soares, José Oscar de Almeida Marques, Marco Antonio Oliveira de Azevedo e Marília Côrtes de Ferraz, e pode ser acessada diretamente no endereço http://revistas.unisinos.br/index.php/controversia/article/view/5234

Em breve será publicada a próxima edição (2012/1) contendo os demais artigos aprovados no III Encontro. No que se refere ao meu artigo, eis o resumo:


A voz articulada proveniente das nuvens e a biblioteca natural de Cleanthes nos Diálogos sobre a Religião Natural de Hume

RESUMO: Meu objetivo neste artigo visa a um exame dos curiosos exemplos que o personagem Cleanthes apresenta na parte III dos Diálogos Sobre a Religião Natural de Hume, a saber, i) o da voz articulada proveniente das nuvens (D 3 §2: 48) e, ii) o da biblioteca natural repleta de livros que se perpetuam da mesma maneira que os animais e vegetais, isto é, por descendência e propagação (D 3 §4: 49). Tais exemplos são, conforme veremos, experimentos mentais que Cleanthes oferece como réplica às primeiras objeções que Philo apresenta ao argumento do desígnio. Entre os comentadores de Hume, William Morris os toma como bizarros, irrelevantes e inconsistentes com a metodologia experimental de Cleanthes. E. Rabbitte afirma que os exemplos mostram que Cleanthes perdeu o ponto central da crítica de Philo, e se mostra simpático à interpretação de Kemp Smith segundo a qual o primeiro exemplo serve para ilustrar o fracasso de Cleanthes em reconhecer o ponto e a força da crítica de Philo à analogia implicada no argumento do desígnio, e o segundo para preparar o caminho de Philo para entrar com sua artilharia de contra-argumentos às teses de Cleanthes. Keith Yandell, por sua vez, defende que a estratégia de Cleanthes quanto a estes exemplos parece bastante apropriada. Diante deste cenário de interpretações diversas, além de tentar esclarecer o significado e relação desses exemplos com a crítica de Philo ao argumento do desígnio, pretendo mostrar que eles cumprem um papel crucial na estratégia argumentativa de Philo e Hume nos Diálogos como um todo, conforme Smith e Yandell sugerem.

Palavras-chave: religião natural, argumento do desígnio, crítica, analogia

sábado, fevereiro 13, 2010

Bendita curiosidade!

“There are many questions in philosophy to which no satisfactory answer has yet been given. But the question of the nature of the gods is the darkest and most difficult of all…. So various and so contradictory are the opinions of the most learned men on this matter as to persuade one of the truth of the saying that philosophy is the child of ignorance…” (Cicero The Nature of the Gods, Book I).

Well… essas são as palavras de abertura da obra acima citada. Citei em inglês porque dentre as traduções que tenho aqui, a portuguesa e a francesa, é a que me soa mais agradável aos ouvidos. E eu tenho uma relação afetiva com os meus ouvidos.

Chega a ser estranho eu dizer isso porque a língua inglesa por muito tempo enroscou em meus ouvidos. A necessidade sempre urgente de entendê-la, devido à quantidade de textos que tinha e tenho de ler nessa língua, causava-me um verdadeiro desconforto. Eu tive que aprendê-la na necessidade, numa espécie de casamento com os textos e os dicionários.

Em geral, sempre louvei a língua francesa, pela beleza sonora, a agradável melodia, e pela familiaridade e facilidade com que aprendi a lê-la. E ela continua a soar de modo muito agradável, mas acho que li tantos textos em inglês ultimamente (tomei um verdadeiro porre no bom sentido) dessa língua, que agora ela se tornou tão familiar que posso mesmo dizer que me deleito ao lê-la e ouvi-la. E isso, é claro, não tem nada a ver com qualquer desconsideração a respeito de minha amada língua-mãe. Essa é minha, e é mãe! 

Mas voltemos à citação.

Meu propósito em apresentar essa passagem de Cícero diz respeito à pergunta que faço a mim mesma todos os dias quando me debruço sobre o tema da Religião Natural em geral e, por implicação, o tópico tão delicado da natureza dos deuses.

Se, como diz Cícero, a “questão da natureza dos deuses é a mais obscura e a mais difícil de todas”, pergunto: onde eu estava com a cabeça quando resolvi mergulhar nesse pântano? Bem sei que ela estava no lugar certo, exatamente em cima do meu pescoço. Ademais, como diz Hume na voz de Panfilo ─ narrador dos Diálogos sobre a Religião Natural,

“estas questões sempre foram objeto de disputas entre os homens e, relativamente a elas, a razão humana jamais chegou a alguma conclusão segura. Apesar disso, trata-se de questões de tão grande interesse que somos incapazes de refrear nossa incansável curiosidade sobre elas, mesmo que nossas pesquisas mais acuradas não tenham produzido até agora senão dúvidas, incertezas e contradições” (DRN, introdução, p.5). Sendo assim, sinto-me justificada em meu interesse.