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sexta-feira, novembro 30, 2018

Melancolia


Ultimamente – não sei por quê – perdi toda a alegria, desprezei todo o hábito dos exercícios, e, realmente, tudo pesa tanto na minha disposição que este grande cenário, a terra, me parece agora um promontório estéril; este magnífico dossel, o ar, vede, este belo e flutuante firmamento, este teto majestoso, ornado de ouro e flama – não me parece mais que uma repulsiva e pestilenta congregação de vapores. Que obra de arte é o homem! Como é nobre na razão! Como é infinito em faculdades! Na forma e no movimento, como é expressivo e admirável! Na ação, é como um anjo! Em inteligência, é como um Deus! A beleza do mundo! O paradigma dos animais! E, no entanto, para mim, o que é esta quintessência do pó?”


[ Hamlet II ] 




Weeping Nude | painting by Edvard Munch | 1913


terça-feira, janeiro 08, 2008

Essa sou eu!


A bem da verdade eu menti. Disse que estava acometida por um mental block. Isso não passou de uma desculpa esfarrapada, estratégia (bem ruinzinha, confesso) para justificar o tempo em que andei sumida. Posso até ter vários blocks, isso não vem ao caso, mas minha mente não costuma ficar bloqueada, ao contrário, vive em constante atividade, haja vista o fato de eu ser uma amante da sabedoria (embora a tenha muito pouco), das boas, belas e profundas idéias, palavras, frases, parágrafos, teses, contos, romances, explicações, paradoxos (ich, provavelmente alguém deve estar me achando volúvel rsrsr). E eu acho que sou mesmo, ao menos nesse sentido!

A bem da verdade, eu entrei em crise com meu blog. Ele funciona pra mim como um alter ego. Comecei a achar que alguma coisa não ia bem com ele (rsr um pequeno problema de relacionamento).

Dizem que a gente deve escrever com uma certa constância, ainda que mínima, para poder manter os leitores e fazer valer o canal de comunicação. Pois é, entrei em crise porque não gostei, nesse caso, da idéia de dever, de ter de escrever para. Fiquei me cobrando... de mal comigo e com meu alter ego.

Para mim, escrever (ao menos num blog) tem de ser por puro prazer e de modo espontâneo, como faço agora e fiz nos outros posts. Há casos em que a gente escreve por pressão, como quando temos que entregar um texto, um trabalho, um capítulo de uma dissertação, uma tese inteira (deixemos isso para a Academia). Bom... na academia ou num blog, pra quem gosta do ofício, sempre há prazer (embora, muitas vezes, também comporte dor). O problema é que comecei a achar que ao ser espontânea estaria, ao mesmo tempo, me expondo demais. De novo algo não ia bem. Agora era com o meu superego. Maldito superego! Você me fez perder o sono! (Preciso me livrar dele, não do Alter, sim do Super).

Domingo passado, numa conversa de bar com meu namorado e minha amiga Carina conversamos sobre nossos blogs. Cada um falou um pouquinho do seu e do dos outros. Eles me disseram: e daí que você está se expondo? É assim mesmo... mande ver! e dane-se rsrs!



Isso me fez lembrar uma frase tocante: "[...] Que se afunde Roma no Tibre e de seus gonzos salte a gigantesca abóboda do império!" (Shakespeare. Antônio e Cleópatra).