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quinta-feira, dezembro 21, 2017

Divagação

-  Vou passar um hidratante no corpo.

Sobre a pia encontram-se três embalagens em cores e designs mais ou menos semelhantes: o hidratante, um démaquillant e um shampooNum gesto mecânico, absorta, pego o démaquillant (líquido como água) e derramo-o nas mãos como se fosse o hidratante. Derramo quase tudo. Espanto-me. Percebo imediatamente: 

- Caraca!!! Acho que estou ficando louca!!!

Insisto em passar o creme. Repito o gesto. Divago novamente. Pego o shampoo e, mecanicamente, derramo-o nas mãos. Percebo o engano com um segundo a menos de imediatez, dada a consistência cremosa mais semelhante ao hidratante.

- My god! Não estou ficando louca! Já estou louca! 

Insisto novamente. Presto bastante atenção. Terceira tentativa. Pego o hidratante e, enfim, espalho-o pelo corpo...

- Ahhh... algum resto de sanidade deve permanecer em mim! 


Haze All Clouded up My Mind 
by Marisa S. White


quarta-feira, dezembro 28, 2016

Notas sobre uma episódio banal


O calor está infernal. Quem me conhece sabe que sou uma das mulheres mais friorentas desse planeta lindo e miserável. Gosto do sol, do calor e do céu aberto. Mas não desse ar abafadiço, desse bafo quente e sufocante.

De uns anos pra cá passei a apreciar também dias nublados e levemente frios. Eles combinam com o ensimesmamento, a solidão e a melancolia (um trio que também aprecio). Ademais, com um pouco de frio, dormir coberta é bem gostoso. E posso usar minhas botinhas no dia a dia.

Acabo de folhear um romance e me deparei com uma passagem, dentre tantas, daquelas que a gente grifa. Como alguém já observou um dia, eu deixo rastros e pistas em meus livros. E tenho um código próprio de grifos e sinais. Volta e meia eu mesma sigo as pistas que deixei assinaladas. Na que se segue, trata-se de apenas um banho. Um episódio banal.



"Deve haver um bocado de coisas que um banho quente não cura, mas não conheço muitas delas. Sempre que fico triste pensando que um dia vou morrer, ou perco o sono de tão nervosa, ou estou apaixonada por alguém que não verei por uma semana, me deixo sofrer até certo ponto e então digo: 'vou tomar um banho quente'. Eu medito no banho. A água tem que estar muito quente, tão quente que você mal consegue colocar o pé. Então você vai entrando, centímetro por centímetro, até estar com a água na altura do pescoço. [...] acho que vejo o banho quente do jeito que as pessoas religiosas veem a água benta" Sylvia Plath | A Redoma de Vidro | p.27-28]. 

A sensação é lenitiva. Tenho, digamos, "uma pira" com banhos quentes. E saudosas lembranças de meus banhos de banheira quando criança. Porém, em mim, o efeito curador não se dá apenas num banho de banheira. Basta-me um bom chuveiro de água quente. Não preciso ficar triste pensando na morte (embora eu pense nela correntemente). Também não necessito perder o sono por qualquer motivo (ainda que às vezes o perca por algum). Tampouco estar apaixonada (conquanto...) . Basta-me estar com muito frio (o que já me deixa doente) para que eu diga: "vou tomar um banho quente'. Ele aquece meu sangue e me cura do enorme desconforto do frio por ao menos duas horas, quando passo, novamente, a me sentir gelada, mesmo que bem agasalhada, em dias de muito frio.

Mas é verão. E hoje está muito calor. O dia pede um banho frio. Como detesto água fria, vou tomar um longo banho morno. E de chuveiro. Lugar sob o qual adoro pensar na vida e ver meus pensamentos escorrerem  pelo ralo.

fonte da imagem: Nicholas Nixon | Cultura Inquieta30

segunda-feira, outubro 19, 2015

Free maço vermelho

Uma fumante sai às 21:15 hs para comprar cigarros, mesmo com a maior preguiça, não porque o dela acabou, mas porque ela sabe que vai ficar sem nenhum lá pelo meio da madrugada, quando estiver, como quase sempre, entre livros e leituras. Até aí tudo bem. O duro é que ela pediu dois maços de Free Vermelho (dois para garantir que não iria precisar se preocupar com isso nos próximos três dias), mas, ao chegar em casa (depois de subir quatro andares de escadas) e abrir a sacolinha que trazia também um guaraná, deu de cara com dois maços de Marlboro - aquele forte, de filtro amarelo, que lembra cowboy, e que ela detesta. Bufou, xingou, reconstruiu a cena, rangeu os dentes, planejou o futuro, respirou fundo. E  acendeu um free maço vermelho.