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segunda-feira, novembro 21, 2016

Ensaios sobre a filosofia de Hume


Enfim, chers lecteurs et lectrices, depois de muito trabalho e algumas estações invernais e primaveris, tenho o prazer de informá-los que acaba de ser publicado o volume 16 da "Coleção Rumos da Epistemologia" com os trabalhos apresentados no V Encontro Hume, realizado em abril de 2015, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) -  organização de Jaimir Conte, Flávio Zimmermann e Marília Côrtes de Ferraz (moi-même). Em breve sairá também a versão impressa. Dentre os 20 trabalhos publicados, há um ensaio meu intitulado O Status do Fideísmo na Crítica de Hume à Religião Natural. Take a look !!!




Ao final, Notas sobre João Paulo Monteiro (in memorian), uma homenagem de Rolf Nelson Kuntz.

terça-feira, abril 19, 2016

Hume e João Paulo Monteiro

Before yesterday, meu orientador de doutorado (uma figura sui generis) passed away. Fui sua última orientanda. Na época, a convite de meu colega e amigo Jaimir Conte, escrevi uma resenha sobre a primeira edição brasileira de seu livro 'Hume e a Epistemologia' (revisão do também meu colega e amigo Frederico Diehl). 


Tive também o prazer de trazê-lo a Londrina para uma conferência na UEL, cujo evento foi promovido pelo Departamento de Filosofia; Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea; e Especialização em Filosofia Política e Jurídica.

Em homenagem a ele, deixo aqui 'mon adieu affectueux' e o link de acesso à resenha: 



segunda-feira, outubro 26, 2015

ENEM 2015: Hume


Naturalmente, algumas pessoas vieram ontem me perguntar o que achei da questão sobre Hume na prova do ENEM 2015. Eu já havia tomado conhecimento da polêmica desencadeada por ela, mas não havia me habilitado a discuti-la (por pura preguicite aguda de domingão chuvoso rs). Bom, não deu pra escapar. Eis, então, a minha opinião:

A meu ver, a questão está mal formulada. Do contrário, não teria gerado tanta polêmica. E ela está mal formulada, arrisco a dizer, porque a terminologia empregada, extremamente imprecisa, dá margens a dúvidas em relação às alternativas de respostas. Vejam só... (prova retirada da internet):



Bom, as alternativas (C)(D) penso que estão fora de cogitação. Abstenho-me, por enquanto, de comentá-las. Só farei isso se alguém vier a defender que alguma delas possa ser considerada correta. A polêmica, pelo que vi no facebook, gira em torno das outras três, em virtude do emprego de alguns termos e expressões discutíveis.

A alternativa (A) “os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação” poderia ser considerada correta, embora o uso do termo intelecto não seja apropriado, uma vez que Hume não fala, salvo engano, em intelecto (no índex da EHU e THN não se encontra), e fale em faculdades intelectuais [intellectual faculties] da mente, incluindo aí a memória, a imaginação, a razão, o entendimento e, num certo sentido, também a vontade. No final do parágrafo 7 Hume fala “da única forma pela qual uma ideia pode ter acesso à mente, a saber, por um efetivo sentimento ou sensação” (IEH 2 #7), não obstante apresente, em seguida, um fenômeno contraditório, bastante singular, cito Hume, “que quase não vale a pena examiná-lo, e tampouco merece que, apenas por sua causa, venhamos a alterar nossa tese geral” (IEH 2 #8).

A alternativa (E) “as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria” também poderia ser considerada correta, ainda que pareça  não levar em conta as ideias complexas (sem mencionar a discussão que pode ser levantada em torno da origem da ideia de conexão necessária). Esta alternativa parece limitar a questão às ideias simples, que são cópias de impressões originais. De qualquer modo, a fonte primordial, quer dizer, a primeira fonte de uma ideia sempre será uma impressão original, um dado sensível. Hume diz: "quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos e grandiosos que sejam, sempre verificamos que eles se decompõem em ideias simples copiadas de alguma sensação ou sentimento precedente” (IEH 2 #6). Isso significa que o termo “específico” não elimina propriamente a alternativa, pois, ao fim e ao cabo, a primeira impressão é a fonte original de uma ideia, ainda que algumas ideias possam ser derivadas das relações que estabelecemos entre elas.

Há também a polêmica acerca da alternativa usar, além do termo “específico”, também o termo “sentimento.” Acontece que Hume emprega sim o termo sentimento: "all the materials of Thinking are derived either from our outward or inward sentiment" (EHU 2 #5).

Alguém poderia argumentar que se é "sensação ou sentimento precedente" (na tradução do José Oscar de A. Marques; estou sem a do Aiex aqui) não é especificamente sentimento. Mas, pergunto, qual a diferença entre sensação e sentimento? Se há diferença, ela é extremamente sutil. Hume diz: “when we analyze our thoughts or ideas, however compounded or sublime, we always find, that they resolve themselves into such simple ideas as were copied from a precedent feeling or sentiment” (EHU 2 #6).

Não fica claro se ele está tomando os termos como sinônimos ou se seria um ou outro (no caso de não tomar como sinônimos). Aparentemente ele está concebendo os termos como sinônimos. Feeling pode ser traduzido tanto por sensação quanto por sentimento. Débora Danowski, ao traduzir o Tratado da Natureza Humana, assinala a dificuldade de traduzir Feeling (“a mais problemática”), no uso que Hume faz desse termo (p.9).

A alternativa (B) “o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível” também não poderia ser facilmente descartada. O termo “classificar” poderia ser considerado adequado sim, na medida em que dizer que a mente (mind, traduzida aqui, a meu ver, inadequadamente, por espírito) é capaz de classificar os dados da percepção sensível ─ isso está correto. Pois o que significa classificar? No caso, aqui, basicamente dividir, misturar e compor: a ideia de sereia é composta da divisão ou decomposição da ideia de uma mulher e da ideia de um peixe. Somando-se duas das partes divididas dá-se origem à ideia de um outro objeto, quer dizer, de dois objetos primeiramente divididos e, depois, compostos ou misturados, forma-se a ideia de um terceiro objeto “sereia” , sendo cada qual classificado por um termo específico: temos então as classes do objeto “mulher”, do objeto “peixe” e do objeto “sereia”. Ou seja, a alternativa também poderia ser considerada correta se afrouxarmos o rigor do uso preciso dos termos que Hume emprega e das opções de tradução que os termos nos oferecem.




Então, se alguém me perguntasse qual seria a alternativa correta, eu diria que a questão deve ser anulada, pois está mal formulada, dando ensejo a dúvidas e a mais de uma alternativa razoavelmente consistente. Faltou, creio eu, um elemento indispensável na formulação da questão: o rigor filosófico no uso dos termos.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Resenha: Hume e a Epistemologia

Eis-me aqui para comunicar que já há algum tempo (final de 2009) foi publicada na Princípios Revista de Filosofia da UFRN (volume 16, número 25), uma resenha de minha autoria do livro Hume e a Epistemologia, de João Paulo Monteiro. Para acessá-la  é só clicar no link acima.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Professor João Paulo Monteiro na UEL


O Professor João Paulo Monteiro, professor de filosofia da USP, realizará uma conferência na UEL sobre “Problemas da Filosofia de Hume”. Um dos maiores especialistas no pensamento de Hume, internacionalmente reconhecido, João Paulo Monteiro fará sua conferência dia 28 de agosto/2008, quinta-feira, na sala de eventos do CCH/UEL, a partir das 19 horas. Após a palestra, haverá debate entre o professor convidado, os professores Marcos Rodrigues da Silva (UEL), Marília Côrtes de Ferraz (Unioeste/PR e doutoranda USP) e Andréa Cachel (doutoranda USP).

O evento é promovido pelo Departamento de Filosofia, Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea e Especialização em Filosofia Política e Jurídica. A entrada é franca. Para os interessados em receber certificado de participação, a taxa de inscrição é de R$ 5,00 (cinco reais) e pode ser feita no local.

O professor João Paulo Monteiro é autor de diversos estudos sobre a filosofia de Hume. Dentre seus principais livros podemos destacar: “Hume e a Epistemologia” e “Novos Estudos Humeanos”.