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domingo, agosto 21, 2011

Louca de Linguagem

Não sei se persigo o discurso amoroso ou se o discurso amoroso me persegue. Pensando bem, acho que perseguimos um ao outro: buscamos as mesmas coisas e, ao encontrarmo-nos, seguimos a mesma trilha. Não é à toa que encontro aqui ao meu lado, pela milésima vez, os Fragmentos de um Discurso Amoroso de Roland Barthes. Eu olho pra ele, ele olha pra mim. Estamos, mais uma vez, enamorados (e eu? completamente louca de linguagem!).


"A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção de um duplo contato: de um lado, toda uma atividade do discurso vem, discretamente, indiretamente, colocar em evidência um significado único que é "eu te desejo", e liberá-lo, alimentá-lo, ramificá-lo, fazê-lo explodir (a linguagem goza de se tocar a si mesma); por outro lado, envolvo o outro nas minhas palavras, eu o acaricio, o roço, prolongo esse roçar, me esforço em fazer durar o comentário ao qual submeto a relação."

[Barthes, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. Tradução de Hortênsia dos Santos. Rio de Janeiro: F. Alves, 1989, p.64].

segunda-feira, junho 19, 2006

Rigor e precisão

Olá novamente moçada!

Gostaria de retomar aquela idéia de rigor e precisão exposta na carta de John Locke a Philippe de Limborch. Notaram que precisar tem dois sentidos? Aproveito essa deixa para falar de um problema (grave) que percebi dando aulas, trocando cartas e avaliando vocês. Gente: uma coisa é certa! O Português do Brasil vai muito mal. Quero dizer, a língua portuguesa, meninada, a nossa rica e bela língua portuguesa. E vocês têm que prestar atenção nisso. Sabem por quê? Porque do jeito que a nossa língua vai indo por água abaixo, daqui a muito pouco tempo vamos estar a grunhir em vez de conversar. Daí que para que isso não aconteça, afinal, há algo que nos diferencia dos animais (rsrs), deixo aqui uma outra regrinha para a gente conversar. 

Eu admito e aceito (com restrições que aqui não vêm ao caso) que com a Internet, Messengers, Orkuts, e-mails e toda essa velocidade estonteante que se instalou nas comunicações, criou-se uma nova linguagem, tipo fast-food, para atender a esse nosso novo ritmo. Mas vamos fazer algumas distinções. Neste blog eu me proponho a uma atividade filosófica (ainda que a conta-gotas) e não um bate-papo sem compromisso. E uma das características da atividade filosófica é o rigor. Essa é uma palavra que todo mundo conhece, mas que também deve ser procurada no dicionário. Simplesmente para que a concepção de filosofia que expresso aqui fique bem clara. Como assim, rigor? É simples: por favor, evitem ao máximo a linguagem de Messenger, tipo naum , aki, axei, kibom, hiuhasiauhisuhaisudhf e semelhantes. Eu aceito que vocês errem e façam interjeições. Mas gostaria que quando tratarmos de questões filosóficas, por favor, que sejam bem formuladas, bem escritas. Ah (interjeição)! Podem dar umas risadinhas quando se tratar de alguma comunicação mais pessoal, mas tentem escrever com um certo rigor, cuidando das palavras, de escrevê-las na forma correta, usar vírgulas, acentos, concordâncias verbais, etc... 

Esse é um treino indispensável não só para vocês que vão ter de fazer a redação do vestibular, mas para toda e qualquer pessoa que pretende se comunicar por escrito. Não tenham vergonha de errar. Tenham de não tentar acertar, se for o caso. Eu pedirei licença para corrigi-los e não passarei nenhum sermão. Não vai valer tirar sarro. Entendo que seja, talvez, difícil escrever corretamente para quem não está acostumado a ler e a escrever bastante. Aliás, esse é o grande caminho para se escrever bem: ler e escrever bastante. Portanto, não tenham preguiça de ler. Sugiro que vocês façam dos livros grandes amigos. Com preguiça até podemos ir a alguns lugares (a uma praia, talvez), mas posso garantir que jamais iremos mergulhar nas profundas águas da filosofia.

Francine Van Hove