Há apenas o que chamamos silêncio
ou uma ausência de tudo: nome este que damos
à instância que nos remete ao nada,
à constância que nos remete ao vácuo,
o inapelável que nos remete à morte.
Há um rangido macio, sem quebras
mas com rodopios, falsetes, arabescos:
é o que chamamos sonho, miragem,
clivagem de entraves espaçados,
aragem dos frutos na colheita.
Há um susto, um murmúrio surdo,
um baque sem ouvintes, vestimenta:
é quando um poeta deixa de crer na linguagem.
Tão inteiro então é o silêncio
que é como se a noite mesma se fechasse.
Como se o ar, parado se abismasse;
e o fruto mesmo então é inconsistente;
e as vagas cedem, recrudescem à procura
De um pouso inabitável. Ou ainda:
inexistente.
[ poema & pintura | ygor raduy ]