Mostrando postagens com marcador observações triviais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador observações triviais. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, janeiro 04, 2016

The bath


Há tempos guardei essa foto em meus arquivos. Volta e meia olhava pra ela e me perguntava: mas por quê? Por que guardei essa foto? Ora bolas, porque achei bonita. Não há nenhum mistério nisso. Nenhuma explicação profunda ou abstrusa, como dizem os filósofos. 

Agradam-me, simplesmente, a beleza e a circunspecção da moça. Sua pose, suas luvinhas pretas, suas pulseiras e seu cigarro na mão esquerda; a mão direita apoiada no queixo, uma certa aridez na paisagem desfocada ao fundo, silenciosa; os fartos cabelos loiros presos no coque, o discreto brinquinho na orelha direita, os braços fortes, a tatuagem, o olhar de soslaio, o fato de estar nua, de costas, a contemplar tal paisagem, talvez o horizonte perdido, o nada, ou mesmo a si mesma. Não se sabe. Não se sabe o que ela vê para além dos limites da foto em branco, preto, e seus diversos tons de cinza.

O título desta foto, de Alexander Malchev, é The Bath. Porém, por mais que eu tente, não consigo ver água nessa banheira. Se ela está a tomar um banho, deve ser, ou ao menos parece ser, um banho de espera: aliás, um belo banho de espera, diga-se de passagem. 

quarta-feira, outubro 21, 2015

Observações triviais II

Meus cantos, 
ângulos 
e cantinhos.
25 graus 
céu predominantemente nublado
cinza claro
calmo 
fresquinho 
gostosinho 
calminho 
beijinho.

terça-feira, junho 03, 2014

Observações triviais


Ella saiu pra almoçar às 12:45. Pelo brilho do sol, supôs que a temperatura estivesse mais alta. Se enganou tremendamente: o sol até que estava quente, porém, o vento... ai... o vento estava gélido e cortante! Ella se arrependeu de não ter se agasalhado até os dentes. Pensou que talvez fosse o caso de voltar ao hotel pra se agasalhar melhor. Mas, enquanto pensava, hesitou, pois achava que havia demorado tanto pra sair que, se voltasse, iria, comme d'habitude, se enrolar mais um pouco pra sair de novo. Acabaria perdendo o horário do almoço, a fome iria passar e isso certamente faria com que Ella passasse o resto do dia a enganar a fome quando esta retornasse ao seu estômago de passarinho.

Pensando assim (e já encantada pelo cenário das ruas curitibanas), seguiu em frente. Ao mesmo tempo em que blasfemava contra o vento frio, aprazia-se por ter tido a prudência de sair de luvas, cachecol, e  uma echarpe de lãzinha  na mochila. Tais acessórios ajudaram-na a suportar o frio, mas de modo algum a deixaram confortável. Ella procurou desviar sua atenção daquele frio impositivo em direção às pessoas que circulavam pelas ruas e avenidas, às belas praças, monumentos, construções, lojas e cafés (cenários que traziam a ela as mais diversas lembranças de um passado distante, mas memorável).

Ella andava sem direção definida, porém, a fim de encontrar um lugar agradável pra almoçar. Passeou pra cá e pra lá, nostalgicamente, até que encontrou um restaurantezinho com aparência simpática e sedutora. Entrou, apreciou o ambiente, sentou-se, e lá permaneceu ─ no Arrumadinho da Marechal Deodoro  a esperar seu virado à paulista, enquanto rascunhava suas observações triviais em seu moleskine de capa preta.