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sexta-feira, julho 16, 2010

Desencanto

Tenho que me livrar de umas ideias.
It’s now or never !
(acho que never, mas vou tentar).

Estou pela hora da morte com meus estudos, com o prazo apertado pra dar conta de tudo, e alguns pensamentos impostos pelas minhas angústias capturam-me de tal forma que fico a perambular, dia e noite, noite e dia, pela poesia, a procurar, quem sabe, um doce alento.

(e o trabalho a me puxar pelos cabelos...)

Há dias (e noites) comecei a namorar Manuel, Pablo, Federico... Ops... calma! Não se trata de nenhum caso de infidelidade conjugal, poligamia ou traição amorosa. Trata-se apenas de flertes entre mim e alguns poemas de García Lorca, Neruda, Manuel Bandeira e outros que encontro pelo caminho. Mas tudo não passa de uma troca de olhares, angústias e inquietações. Nada carnal...

Art by Nicoletta Tomas


Fico a procurar poemas que olhem pra mim e traduzam minhas aflições mal definidas, aflições de amor e de morte. Encontro muitos que vêm ao meu encontro. Outros que são puros desencontros. Eu abraçaria alguns por inteiro. Outros, apenas poucas linhas ou esparsos versos.

Eis aí somente um daqueles que eu abraçaria por inteiro.

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira. Em A Cinza das Horas (1917)

(e é assim, como quem morre, que eu acabo de ler e transcrever esses versos...)