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sexta-feira, novembro 19, 2021

Ensaios Políticos

Eis a mais nova novidade do pedaço 😁, fruto de um trabalho minucioso, realizado em parceria com meu colega e amigo Jaimir Conte, a quem só tenho a agradecer pelo convite e pela confiança em dividir comigo a tarefa de publicar essa obra.


Tradução, introdução e notas de João Paulo Monteiro.
Organizadores: Jaimir Conte e Marília Côrtes de Ferraz.
São Paulo: Edições 70, 2021.


Esta edição dos Ensaios Políticos de Hume consiste num resgate do trabalho pioneiro do professor João Paulo Monteiro, apresentado como dissertação de mestrado na Universidade de São Paulo (USP), em fevereiro de 1967, sob a orientação do professor Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior.

'David Hume: ensaios políticos, tradução, introdução e notas' foi o primeiro trabalho acadêmico de grande envergadura sobre a filosofia de Hume em língua portuguesa. Além de traduzir um conjunto significativo de ensaios, com o acompanhamento de um grande número de notas, o longo estudo introdutório sobre a filosofia política de Hume apresentado por Monteiro constituiu um marco no interesse pela filosofia de Hume no Brasil.

Embora os ensaios políticos de Hume traduzidos por Monteiro tenham sido publicados posteriormente na coleção “Os Pensadores” e em outras edições, todas elas omitiram a inclusão do longo estudo introdutório e do aparato de notas por ele preparado e apresentado junto à tradução. Esta edição visa, assim, recuperar e publicar pela primeira vez o trabalho integral, incluindo o estudo introdutório e as notas acerca dos Ensaios Políticos de Hume elaboradas pelo professor J. P. Monteiro.

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Texto da Quarta Capa

"Os Ensaios Políticos de Hume tiveram uma enorme audiência e considerável influência sobre seus contemporâneos. Mas as reflexões de Hume sobre política nem sempre tiveram a atenção que merecem, situação que ultimamente vem se revertendo graças a uma série de estudos que iluminam sua importância. É por isso mais que oportuna a publicação dessa edição dos Ensaios Políticos, enriquecida com o estudo de João Paulo Monteiro, que, de forma pioneira em língua portuguesa, situa o interesse de Hume pela política no quadro mais amplo de suas preocupações filosóficas, bem como mostra a relevância de sua ciência política, entendida como uma ciência do possível, fundada na experiência histórica, dedicada ao estudo das leis constitucionais e de seus efeitos sobre a sociedade, de forma comprometida com as questões e impasse políticos de seu tempo" (Maria Isabel Limongi).

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A preparação deste volume foi autorizada pela família do professor João Paulo Monteiro, em particular por sua esposa, agora viúva, a historiadora Maria Beatriz Nizza da Silva, a quem aqui, eu e Jaimir, agradecemos por nos confiar o trabalho de organização e preparação do texto.

Deixo aqui meus agradecimentos também às professoras Sara Albieri (USP) e Bel Limongi (UFPR), que se dispuseram prontamente a escrever a orelha e a quarta-capa deste livro, assim como à equipe da Almedina/Edições 70, Isabela e Larissa, pelo trabalho de editoração, e, em especial, ao editor Marco Pace por acreditar na proposta e se empenhar em viabilizar a presente publicação.

Para mais informações, acessem: 

https://www.almedina.com.br/produto/ensaios-politicos-10556


segunda-feira, julho 19, 2021

Ciclo de Palestras 'Hume Filósofo Ensaísta'


O Ciclo de Palestras “Hume Filósofo Ensaísta” é um evento de extensão que se apresenta como parte das atividades de um Projeto de Pesquisa em desenvolvimento na UENP, intitulado “Hume Filósofo Ensaísta”, bem como parte das atividades do Grupo de Estudos de mesmo título, formado em março de 2020, a partir deste projeto. O evento contará com a presença de nove professores pesquisadores de outras instituições que, por sua vez, proferirão suas palestras em torno de alguns temas tratados por David Hume [1711-1776] em seus Ensaios Morais, Políticos e Literários [1741] — obra central de análise da pesquisa acima mencionada. 


 SOBRE HUME E SEUS ENSAIOS

David Hume [1711-1776] é considerado um dos espíritos mais luminosos do século XVIII e ocupa lugar de destaque entre os autores de língua inglesa, não somente como filósofo, mas também como ensaísta e historiador. Suas obras exploram uma ampla variedade de temas, que vão desde a epistemologia, a política, a moral e a estética, até a economia, a história e a metafísica. Dentre seus escritos filosóficos de maior envergadura encontra-se o Tratado da Natureza Humana [1739-1740], dividido em três partes: Do entendimento, Das paixões e Da moral — tal obra contém a exposição mais completa e detalhada de seu sistema filosófico, em aproximadamente 700 páginas. Mais tarde ele publicou, entre outros, dois textos mais concisos: a Investigação sobre o Entendimento Humano [1748] e a Investigação sobre os Princípios da Moral [1751], oferecendo, em ambas, exposições mais claras, breves e acessíveis sobre as principais teses do Tratado

Já os Ensaios Morais, Políticos e Literários [1741], obra que mais nos interessa aqui, apresentam, no estilo e na temática, o modelo criado por Montaigne em 1580 — e que inspirou textos de Francis Bacon, Alexander Pope, Samuel Johnson, Joseph Addison e muitos outros. Numa linguagem mais informal, ainda que culta e referida à République des Lettres, os Ensaios contêm textos curtos, fluentes e dirigidos ao leitor comum. Em Sobre a escrita de ensaios, Hume afirma ser este o gênero de escrita mais adequado à discussão da filosofia da vida comum, em oposição à filosofia abstrata. Ali ele diz considerar-se “uma espécie de representante ou embaixador dos domínios do saber nos domínios da conversação”, e que é seu dever promover “um diálogo fecundo entre esses dois Estados, que dependem inteiramente um do outro” (Essays, p. 535). 

Vale destacar a fusão entre estilo fluente e profundidade filosófica operada por Hume nesses Ensaios, assim como o intercâmbio entre os “homens de letras” e os “homens do mundo”. De acordo com ele, seria um erro confinar a filosofia aos tratados e gabinetes das universidades, separando-a do mundo e das boas companhias. Tal aproximação entre filosofia e vida comum constitui-se, pois, numa das principais contribuições dos 49 ensaios reunidos nas também aproximadamente 700 páginas desta imponente obra. Dessa perspectiva, um ciclo de palestras em torno dos Ensaios se apresenta, aqui, como uma excelente ferramenta de articulação entre pesquisa, ensino e extensão, possibilitando a geração de produção científica de qualidade e o aprimoramento da formação dos acadêmicos inseridos na complexidade e diversidade do mundo atual.

PROGRAMAÇÃO

1. Bel Limongi (UFPR) – 28/07/2021: Tema: O caráter político dos Ensaios Econômicos de Hume.

2. Franco Nero Soares (IFRS) – 11/08/2021: Tema: A felicidade é para todos? Hume e os limites da razão na regulação do temperamento.

3. Andreh Sabino (IFRN) - 25/08/2021: Tema: Cultura, polimento e comércio.

4. Stephanie Zahreddine (UFMG) – 08/09/2021: Tema: As "ocorrências irregulares e extraordinárias" do mundo político segundo David Hume.

5. Marcos Balieiro (UFS) – 15/09/2021: Tema: Considerações sobre a polidez em Hume.

6. Luiz Eva (UFABC) – 13/10/2021: Tema: (a definir)

7. Flávio Williges (UFSM) – 27/10/2021: Tema: O lugar das emoções na filosofia moral de Iris Murdoch.

8. Jaimir Conte (UFSC) – 10/11/2021: Tema: Sobre os ensaios póstumos de Hume: Da imortalidade da alma e Do Suicídio.

9. Fernão de Oliveira Salles (UFSCAR) - 24/11/2021: Tema: Comércio e civilização na filosofia de David Hume.


Inscrições e demais informações:

https://ciclodepalestrashu.wixsite.com/website


ORGANIZAÇÃO

COORDENAÇÃO
Marília Côrtes de Ferraz

COMISSÃO ORGANIZADORA
Marília Côrtes de Ferraz
Giovana Andrea da Silva
Douglas Trindade de Paula

ARTE E DESIGN
Douglas Trindade de Paula


UENP - Universidade Estadual do Norte do Paraná
CCHE - Centro de Ciências Humanas e da Educação
Colegiado do Curso de Filosofia
GEPFES - Grupo de Estudos e Pesquisa em Filosofia, Educação e Sociedade
Campus Jacarezinho


terça-feira, maio 13, 2008

Beleza e simplicidade


















Segue comentário ao post (logo abaixo) sobre os Essays de Montaigne.

Inspirado, Aguinaldo assinala: eu gosto de uma passagem dos Ensaios em que Montaigne diz:

“Em casa, passo muito tempo na biblioteca, de onde, de um golpe de vista, observo tudo o que ocorre em minha propriedade. Da entrada descortino o jardim, o galinheiro, o pátio e a maior parte dos cômodos. Ora folheio um livro, ora outro, sem ordem, ao acaso. Ora sonho, ora tomo notas ou dito, passeando, os devaneios que aqui se registram. Essa biblioteca situa-se no terceiro andar de uma torre. [...] Aí passo boa parte das horas e dos dias [...] Qualquer retiro exige um espaço para passear; meus pensamentos cochilam quando sento; meu espírito não anda sozinho, parece–me que o movimento é que o excita e força a trabalhar. [...] O cômodo, a não ser na parte em que se encontram a mesa e a cadeira, tem uma forma circular, o que me permite ver todos os livros dispostos em cinco filas de prateleiras. [...] É meu covil; procuro fazer desse recanto um domínio pessoal, e subtraí-lo à comunidade conjugal e filial” 

Montaigne | Essays | Da companhia dos homens, das mulheres e dos livros | Livro III | Cap. III

segunda-feira, maio 05, 2008

Sobre os Essays, de Michel de Montaigne


Que figura fantástica! Num desses meus ataques de curiosidade, por conta de uma simples palavra, entrei no oráculo google e coloquei aquela palavrinha curiosa ali, a fim de fazer uma pesquisa. Eu procurava o significado específico do termo uneasiness (traduzido por inquietude, inquietação, intranqüilidade, desassossego, desconforto), visto que um texto sobre Locke me remetia ao significado que Malebranche dava a ele. Precisamente inquietude.

No entanto, minhas pesquisas levaram-me a encontrar o termo, não por acaso, em alguns links sobre Montaigne. E ali mergulhei. Li pequenos ensaios sobre ensaios. Uma coletânea. E foi inevitável. Ali, eu me identifiquei.
Já conhecia alguns Ensaios de Montaigne. Mas, ali, soube que foi ele quem criou o gênero Essays. Do alto da torre de seu castelo Montaigne recolheu-se em "uma melancólica disposição de espírito" e passou a escrever.

Nasceram os Ensaios: "uma expressão da alma humana, inacabada e insatisfeita, sucessivamente tentando, errando e aprendendo. Por meio do ensaio, imprime-se a imperfeição de maneira tão insistente que não mentiria se dissesse que ela é objeto de uma procura" (Dutra, Luíza M. Das amarras da liberdade. In: Ensaios em Arte final. BH: Fale/UFMG, 2002).

"Com total liberdade criativa, [Montaigne] lançou-se à saborosa tarefa de interpretar o mundo, elucidando suas facetas ao expor a própria visão da realidade. Nos Essays, ele inova, fazendo da digressão uma arte. O ensaio toma forma a partir daí, embora não possa ser facilmente caracterizado: um passeio por idéias e temas variados, que nunca encerra em si uma visão acabada do mundo, mas um sublime contemplar" (Horta, Ricardo Lins. Passeios Possíveis. In: Ensaios em arte final. BH: Fale/UFMG, 2002).

"Montaigne..., então, projetava-se em sua obra até que essa passava a se confundir com o próprio autor. Afinal, como ele próprio afirmou Je suis moi-même la matière de mon livre. Mosaico pessoal, impressionista e leve, que exprime a reação íntima de um indivíduo ante a realidade, ante os sentimentos ou ante as cotidianeidades da vida, sem estrutura clara ou preestabelecida, já que, também na vida, nada é assim tão claro e definido, ao contrário, o que não nos faltam são incertezas e indefinições.[...] E nesse trajeto rumo aos ensaios, é certo que de um aspecto jamais se poderá prescindir: a subjetividade. Após quatro longos séculos, o ensaio ainda pede, exige, que o autor se exponha, se mostre. É preciso que se esteja lá, no texto, ainda que o texto não trate de si”. Francisco, Denis Leandro. Ensaiando sobre Ensaio. In: Ensaios em arte final. BH: Fale/UFMG, 2002).

Depois de me reconhecer nos ensaios, do térreo de meu apartamentinho, abandonei por mais um tempo o texto de Locke e fui ler novamente alguns ensaios de Montaigne. Um deleite só!

O link no qual encontrei os (32) Ensaios em arte final (frutos de uma oficina de textos) organizados por Regina Lúcia Péret Dell’Isola, é: 

http://www.letras.ufmg.br/site/publicacoes/download/ensaioemartes.pdf