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sábado, abril 13, 2019

Tremor de estrelas


Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas,
mas minha senda se perde
na alma de névoa.

A luz me quebra as asas
e a dor de minha tristeza
vai molhando as recordações
na fonte da ideia.

Todas as rosas são brancas,
tão brancas como minha pena,
e não são as rosas brancas
porque nevou sobre elas.

Antes tiveram o íris.
Também sobre a alma neva.

A neve da alma tem
copos de beijos e cenas
que se fundiram na sombra
ou na luz de quem as pensa.

A neve cai das rosas,
mas a da alma fica,
e a garra dos anos
faz um sudário com elas.

Desfazer-se-á a neve
quando a morte nos levar?
Ou depois haverá outra neve
e outras rosas mais perfeitas?

[...]

Se o azul é um sonho,
que será da inocência?
Que será do coração
se o Amor não tem flechas ?

Se a morte é a morte,
que será dos poetas
e das coisas adormecidas
que já ninguém delas se recorda?

Oh! sol das esperanças!
Água clara! Lua nova!
Coração dos meninos!
Almas rudes das pedras!

Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas
e todas as coisas são
tão brancas como minha pena.


[Federico García Lorca | Canción Otoñal ]



[collageArt by Sara Shakeel]


sexta-feira, novembro 02, 2018

E depois...


Os labirintos
que cria o tempo
se desvanecem.

(Só fica
o deserto)

O coração,
fonte do desejo,
se desvanece.

(Só fica
o deserto)

A ilusão da aurora
e os beijos
se desvanecem.

Só fica
o deserto.
Um ondulado
deserto.


[Federico García Lorca | E Depois | Obra poética completa | Tradução de William Agel de Melo |  Martins Fontes | São Paulo | 1989]



sábado, julho 01, 2017

O poeta pergunta a seu amor...

             
               "[...]
             
                Não viste pelo ar transparente
               uma dália de penas e alegrias
               que te mandou meu coração quente?"


surreal digital paintings 
by aykut aydoğdu


F. García Lorca | Sonetos do amor obscuro e Divã do Tamarit | Tradução de William Agel de Mello | SP | MEDIAfashion | 2012 | p.27