"À querida e saudosa memória daquela que foi a inspiradora, e em parte a autora, de tudo que há de melhor em meus escritos - a amiga e esposa, cujo exaltado senso de verdade e justiça foi meu estímulo mais forte, e cuja aprovação foi minha principal recompensa - dedico este volume. Como tudo que escrevi por muitos anos, este livro pertence a ela tanto quanto a mim; mas esta obra, tal como está, teve em medida muito insuficiente o inestimável benefício da revisão dela; algumas das partes mais importantes haviam sido reservadas para um reexame cuidadoso, que estão agora destinadas a não receber jamais. Se fosse eu capaz de interpretar para o mundo metade dos grandes pensamentos e nobres sentimentos que estão sepultados em seu túmulo, eu seria o meio para um benefício maior do que o que se possa obter de qualquer coisa que escreva sem contar com e sem ser assistido por sua incomparável sabedoria."
(In: Sobre a liberdade, obra de John Stuart Mill [1806-1873] dedicada à sua esposa Harriet Taylor [1807-1858]).
Na verdade, H. Taylor foi o grande amor da vida de Mill, vale frisar, já que nem sempre a esposa (ou o marido) e o grande amor da vida andam juntas, quero dizer, coincidem na mesma pessoa. Mas eles têm uma bela história de amor, cumplicidade, companheirismo e parceria intelectual, tal como se pode perceber nas poucas linhas dessa tocante dedicatória.
Quanto ao fato de Mill ser aqui chamado de filósofo feminista, isso pode ser verificado, entre outros escritos, a partir da leitura de seu ensaio intitulado A sujeição das mulheres. Há uma boa edição das duas obras aqui mencionadas, com uma ótima introdução crítica, publicada pela Penguin-Companhia.
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