quinta-feira, dezembro 28, 2017

Abismal




Meus olhos estão olhando
de muito longe, de muito longe,
das infinitas distâncias
dos abismos interiores.
Meus olhos estão a olhar do extremo longínquo
para você que está diante de mim.
Se eu estendesse a mão, tocaria sua face.
Mas os cinco dedos pendem como um lírio murcho
ao longo do vestido.

Aqui tudo é leve, silencioso, indefinido, 
imóvel.
Não tenho mais limites.
Tornei-me fluida como o ar.
Seus olhos têm apelos magnéticos,
mas estou abismada
em profundezas infinitas.



[Helena Kolody | Infinita Sinfonia | Curitiba | Inventa 2014 | p.133]


2 comentários:

apaixaosegundoeumesma disse...

E que lindos olhos esses aí me olhando, a propósito :).
Que lindeza esse poema, encheu meu dia, Marília!

Bjão!

Marília Côrtes disse...

q bom, thanks, Anita... bjos