segunda-feira, dezembro 28, 2015

Sorry


Ela acorda cedo, desce a escada e avista uma aranha. Tira rapidinho o chinelo e... paaaaaá nela! Depois, com ar de mulher corajosa, conta pra filha: 
- Tive que matar uma aranha hoje... 
A filha olha os restos mortais da defunta e diz:
- Ahhh mãe... não era. Era um sirizinho preto. 
A mãe, surpresa, exclama: 
- Ai que dóooo! um filhotinho. Putz, tava sem óculos... 

sexta-feira, dezembro 25, 2015

Da inconstância de nossas ações


"Não somente o vento dos acidentes me agita de acordo com a sua inclinação, mas, além disso, eu me agito e perturbo a mim próprio pela instabilidade de minha postura; e quem quer que se observe atentamente, dificilmente se encontrará duas vezes no mesmo estado. Dou à minha alma ora uma face ora outra, segundo o lado para o qual me volto. Se falo de mim de diferentes maneiras é porque me vejo de diferentes maneiras. Toda as contradições, de um modo ou outro, encontram-se em mim. Envergonhado, insolente, casto, luxurioso, tagarela, taciturno, laborioso, delicado, engenhoso, atordoado, aflito, afável, mentiroso, veraz, sábio, ignorante, liberal, avaro e pródigo: tudo isso vejo em mim de algum modo, conforme o lado para o qual me viro. E quem quer que se estude muito atentamente encontrará em si, e até mesmo em seu próprio julgamento, esta volubilidade e discordância. Não há nada que eu possa dizer de mim mesmo de modo completo, simples e sólido, sem confusão ou mistura, tampouco em uma única palavra".

[Montaigne. Essais II. Chapter I, De l'inconstance de nos actions]


domingo, dezembro 20, 2015

O canto do desejo



Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta — por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

[Sophia de Mello Breyner Andresen]


sábado, dezembro 12, 2015

Apenas o teu sonho

Nenhuma outra Viajará pela Sombra Comigo

Já és minha. Repousa com teu sono no meu sono.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite em suas rodas invisíveis
e ao meu lado és pura como o âmbar adormecido.

Nenhuma outra, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma outra viajará pela sombra comigo,
apenas tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.

Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves signos sem rumo,
teus olhos fecharam-se como duas asas cinzentas,

enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento fiam o seu destino,
e sem ti já não sou senão apenas o teu sonho.

[Pablo Neruda, in: Cem Sonetos de Amor]

(Alexander Pushkin at the Seashore, by Leonid O. Pasternak)


Pablo é 
e sempre será
Neruda
qualquer comparação
desnecessária
qualquer comentário
excessivo


terça-feira, dezembro 01, 2015

Intimidade


Acabo de ler um trabalho sobre Nietzsche, no qual o(a) aluno(a) chama este autor de Nit. De acordo com Nit... Nit afirma... Nit declara... Segundo Nit. Nit pra cá, Nit pra lá rsr. Pensei:  que maravilha! quanta intimidade! Achei um mimo... hehehe.

Acho que vou começar a chamar Hume de Davizinho, Kant de Emmanuelito, Descartes de René, Aristóteles de Arizinho, Wittgeinstein de Witt, Hobbes de Hobbinho, Schopenhauer de Schop... and so on...