segunda-feira, junho 18, 2018

De olhos bem vendados


Imaging Red |Asya Kucherevskaya


Nunca, na história deste país, os fatos contradisseram tão bem o velho ditado-clichê segundo o qual a justiça tarda, mas não falha. Aqui, em nossa corrupta e mal administrada res publica, a justiça não apenas tarda, mas, na maioria das vezes, também falha. E, pior, agoniza!

Aliás, eu diria, não apenas aqui, na história deste país, e agora, em nosso tempo (nesse caso, o "nunca" introduz o assunto aqui apenas como recurso retórico). Se houve na história da humanidade, acho eu, um tempo e lugar no qual a justiça (pensemos especialmente naquilo que costumamos chamar de justiça social) se fez efetivamente justa, prevalecendo sobre as injustiças, esse tempo deve ter sido muito curto. Não é à toa que desde Sócrates e Platão essa virtude cardeal par excellence  foi e continua sendo matéria de diversas controvérsias, teses e dissertações.

É claro que alguns vão dizer que Deus - o supremo legislador moral - está vendo e fará a justiça prevalecer no dia do juízo final, que não compreendemos seus onibenevolentes desígnios, que Ele nos reserva um verdadeiro paraíso no além, e que, em algum momento, todos os males serão punidos e todos os bens recompensados, ou mesmo que, do ponto de vista da eternidade ou do todo (que ninguém jamais alcança, diga-se de passagem, exceto o próprio Deus, caso exista), os males, misérias e injustiças que superabundam no mundo serão, ao fim e ao cabo, bens para o universo.

Mas isso, diriam outros, já seria sair do exame da vida ordinária, ultrapassar o alcance e os limites de nossas faculdades e adentrar o reino das fadas, centauros e dragões.


Giulio Aristide Sartorio | Studio per la Gorgone e gli eroi


terça-feira, junho 12, 2018

A morte feliz




"... Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas, e ela surge de vez em quando. É por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para os desesperos sem razão que se apoderam de nós".

[Albert Camus | A Morte Feliz]


quarta-feira, maio 30, 2018

Da imensidão do mar


Pena Líquida

Saudade,
dor de talento solitário,

sinonímia de banzo. Dor
de arrasto recolhida

ao leito das lembranças,
que nos condena à penitência

das aves sem voos,
de passos sem presença

e na esperança de retorno
do outro nos alinha.

Saudade é a pena líquida
que polimos quando

o objeto amado
de nós se distancia

em ausências sem esperas
ou em esperas sofridas.

[Marina Alice da Luz Ferreira]





Marina Alice foi, outrora, minha professora no curso de Comunicação Social da UEL (1982-1984). Coincidentemente, no dia em que minha primeira filha, Marina, nascia (1985), Marina Alice apareceu nos corredores da maternidade e presenciou-me andando e chorando um pouco as dores e o medo do parto que se aproximava. Um parto que se tornou cesária. Nunca me esqueci daquele dia, daquela cena, tampouco do abraço carinhoso de "boa hora" da Marina Alice. E jamais se esquece também do nascimento de uma filha.

Há não muito tempo soube pelo facebook (sim, o facebook é uma entidade falante) que Marina Alice escrevia poesias. Saquei melhor o porquê de ter sentido uma admiração e simpatia imediatas por ela. 

Marina tem poesia dentro dela
e mar... mar... 
mar...



O poema apareceu em minha timeline dedicado aos amigos queridos com as seguintes palavras:

"uma pausa do caos externo para pautar o que me vai na alma." 


quinta-feira, maio 24, 2018

A cell phone call



Lá estava ela
toda nua
e molhada
suspirando alto
e solenemente
como ama
um banho quente
quando
de repente
ouve o celular vibrar
e tocar impune
e desavergonhadamente

triiiiim
(é ele...)

(palpita o coração)

triiiiiim
(é ele...)

(para o coração)

triiiiiim
(é ele...)

(dispara o coração)

trim trim trim trim trim trim trim trim...

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[marília côrtes / 2018]


segunda-feira, maio 14, 2018

Abismo-me


"Por mágoa ou por felicidade, sinto às vezes vontade de me abismar."

[ Barthes, Roland | Fragmentos de um Discurso Amoroso | p.9 ].

Abisme-se!


[photo by Taida Celi ]


sexta-feira, maio 11, 2018

La corbata


Con la cuerda en el cuello
y un nudo en la garganta
pero sin perder
la elegancia
jamás




sexta-feira, maio 04, 2018

Voyages V


Meticulosos, após a meia-noite em clara geada,
Infrangíveis e solitários, suaves como moldados
Em conjunto numa só impiedosa lâmina branca –
Os estuários da baía pontilham os severos limites do céu.

– Como que friáveis ou claros demais para tocar!
As cordas de nosso sono tão rapidamente dispostas,
Já pendem, pontas rasgadas de estrelas relembradas.
Um só sorriso gelado sem rastros... Que palavras
Podem asfixiar esse surdo luar? Pois nós

Somos tragados. Agora nenhum grito, nenhuma espada
Pode comprimir ou desviar essa cunha das marés,
Retardar a tirania do luar, luar amado
E transformado... “Não existe

Nada assim no mundo”, dizes tu,
Sabendo que não posso tocar tua mão e olhar
Também naquela fresta ímpia do céu
Onde nada gira a não ser a areia faiscante.

– “E nunca entender plenamente!” Não,
Na frota de teus cabelos brilhantes nunca sonhei
Tal navio sem bandeira, uma pirataria dessas.

Mas agora
Aproxima tua cabeça, sozinha, alta em demasia.
Teus olhos já no ângulo da espuma que se afasta;
Tua respiração, selada por fantasmas que não conheço:
Aproxima tua cabeça e dorme a longa viagem para casa.


[ Hart Crane (1889-1932) | tradução de Denise Bottman ]


Hart Crane by Walker Evans
....................

Às vezes o facebook nos traz coisas muito boas. Não conhecia esse poema de Crane. Segundo a própria tradutora, de quem "roubei" o belo poema, Crane era um rapaz torturadíssimo que se matou aos trinta e dois anos. Seu amante mais amado era um marinheiro dinamarquês, Emil Opffer. Daí as referências ao mar, à despedida e à viagem (de Emil) de volta para casa.

Dei uma googlada e soube também que ele se suicidou saltando do navio que o levava a New York. 

Vinicius de Moraes dedica a ele um poema intitulado 'O poeta Hart Crane suicida-se no mar', acesso aqui a quem interessar possa.


quinta-feira, abril 19, 2018

sábado, abril 07, 2018

A velha e soberana verdade


Bah!
estou farta de
opiniões
opiniões
opiniões!

proclama a voz da velha e soberana Verdade
 essa metida a besta e sabe-tudo

blá blá blá
Blá Blá Blá
BLá BLá BLá
BLÁ BLÁ BLÁ

burburinham seus súditos 
ph*didos 

em meio ao caos geral da nação



La Verité | 1901 
Luc Olivier Merson
(1846-1920)
huile sur toile
Musée d'Orsay | Paris | France

quarta-feira, abril 04, 2018

Por quê?





Hey, boy,
por que apagaste
as linhas de meus horizontes?

Hey, boy,
por que empalideceste
o alvorecer de minha manhã?

Hey, boy,
por que ocultas
o meu sol?

Hey, boy,
por quê?


[ digital collage by © Fajar P. Domingo ]


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Mais tarde, minha sobrinha (Lully), nos comments do facebook, arrematou o poema com um:

"Damn, boy, f**k u !"

(confesso que adorei, rs)

segunda-feira, março 19, 2018

Chá de espera

Segunda-feira cedo. Horário no oftalmologista às 9h. Havia me esquecido completamente. Programei o despertador para às 9h mesmo, já que tinha ido dormir de madrugada. Porém, acordei sozinha em torno das 8h15min e fiquei ali enrolando um pouco na cama, comme d’habitude, uma vez que tal compromisso nem me passava pela cabeça (algo raro, pois não costumo me esqueçer de um compromisso). De repente, às 8h28min, acendeu um letreiro em minha tête com a informação: oftalmo às 9h.

Bah! e agora? Preciso de um banho e, em geral, sou bem lenta para isso. Well, terei de ser rapidíssima. Corri, joguei uma água no corpo, escovei os dentes, fiz um café, passei um secador nos cabelos, me vesti, coloquei meus anéis, pulseiras, brincos, sapatos e tudo mais.  Resolvi, então, ligar no consultório para avisar que poderia me atrasar uns minutinhos. A secretária me disse: será que você conseguiria chegar lá pelas 9h10min? Eu disse: claro!!! E saí toda esbaforida. Cheguei às 9h03min. São 9h42min. Até agora nem sinal do médico. Simplesmente ele não chegou ainda. E a sala de espera está cheia. Assim como a minha paciência! Humpft!

photo by Stephanie Jager 
Alice in Wonderland

sábado, março 10, 2018

Deslumbramento


É amor? Não sei. Esta intranquilidade,
Este gozo na dor, esta alegria
Triste que vem de manso e que me invade
A alma, enchendo-a e tornando-a mais vazia;

Este cansaço extremo, esta saudade
De uma cousa que falta à vida... O dia
Sem sol, as noites ermas, a ansiedade
Que exalta e a solidão que anestesia,

É amor. Egoísmo de sofrer sozinho,
De as penas esconder do humano açoite,
De transformar as pedras do caminho

Em carícias sutis para colhê-las
E andar como um sonâmbulo, na noite,
Escancarando os olhos às estrelas...

[ © Olegário Mariano |  In: Canto da minha terra ]


sábado, março 03, 2018

Notas sobre um acidente



Derrapou! E eis que salta a gigantesca abóbada do império. O automóvel toma vida própria, tal como se dissesse.

─ My lady, agora quem manda aqui sou eu. Adeus e passe bem, talvez mesmo desta para melhor. No freedom, no liberty, no power. Não há nada que possas fazer. Não há braço, cálculo, controle. Não há destreza, freio, câmbio, pneu ou direção. Testemos as engrenagens de tua vida. Vejamos se os gonzos estão bem ajustados. Testemos a tua sorte.

A estrada é perigosa. Não é à toa que a chamam de estrada da morte. Naquele minuto, a mente relê a história ─ a 120 quilômetros por hora. Dentro, tudo gira sobre si ao som de estilhaços. Fora, há o frio, a garoa, a neblina, a curva, o óleo na pista, o barranco, a vala, a lama.

Vê-se a viola em cacos. Os óculos, os sapatos, o notebook,  a tese. Livros, artigos, documentos, celulares ─ a vida  ─ tudo pelos ares.  Capotadas, piruetas, solavancos, hematomas e dores pelo corpo. But no cuts, no bloodno serious injuries, no broken bones. Lá se vai um brinco. Também um carro, um presente, um passado.


photo by © Tami Bone

quarta-feira, fevereiro 28, 2018

Hey


alguém aí 
teria a bondade
de me aplicar uma
anestesia geral
para aplacar 
essa minha dor
existencial?

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[marília côrtes / 2018]


terça-feira, fevereiro 20, 2018

Indecisão Amorosa


Então me digo:
“Não vou mais vê-la”
e no dia seguinte
quero tê-la.

Então me digo:
“É a última vez”
e me resigno.
Mas quando anoitece
sou eu quem ligo.

“Começo a esquecê-la”,
me repito.
E numa esquina
invento vê-la.

De novo afirmo:
“Melhor parar”
e aí começo
a desesperar.

O tempo todo
a estou deixando
e mais a deixo
partido
ao seu amor regresso
e partindo
vou ficando.

(Affonso Romano de Sant’Anna)


segunda-feira, fevereiro 12, 2018

Everything bare




How heavy the days are.
There's not a fire that can warm me,
Not a sun to laugh with me,
Everything bare,
Everything cold and merciless,
And even the beloved, clear
Stars look desolately down,
Since I learned in my heart that
Love can die.

Hermann Hesse | Translated by James Wright

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Perambulando outro dia pela net, deparei-me com esse poema. Tentei encontrar a referência precisa (ao menos para me certificar de sua autoria e autenticidade), mas não consegui. Naveguei, naveguei e, digamos assim, morri na praia. Algumas dizem que Hesse o escreveu em 1911. Foi o máximo que consegui saber, afora o nome do tradutor. Não sei em que obra se encontra. Anyway, sendo ou não de Hesseo poema pesa, comprime o peito e exala beleza e tragicidade.


[photo by Cem Edisboylu]

terça-feira, fevereiro 06, 2018

very lost


perdida perdi as
palavras
perdida perdi a
estrada
perdida achei um
poema
de minha própria
lavra.

....................................
[marília côrtes / 2018]

sexta-feira, fevereiro 02, 2018

terça-feira, janeiro 30, 2018

Silêncio Amoroso


Preciso do teu silêncio
cúmplice
sobre minhas falhas.
Não fale.
Um sopro, a menor vogal
pode me desamparar.
E se eu abrir a boca
minha alma vai rachar.

O silêncio, aprendo,
pode construir. É um modo
denso/tenso
— de coexistir.
Calar, às vezes,
é fina forma de amar.




Affonso Romano de Sant'Anna | Silêncio Amoroso II | In: Intervalo Amoroso e Outros Poemas Escolhidos | Porto Alegre | L&PM Pocket | 1998.


domingo, janeiro 28, 2018

Lifetime




A outra face da vida

Nada revela o trabalho,
tão sorrateiro, do tempo,
nas profundezas do ser.

Como um 'iceberg' enorme,
tudo gira, de improviso.
Muda-se o plano da vida
pra face desconhecida.

Um ângulo de luz tão diferente
incide nos mais claros pensamentos...
Quantas lacunas inobservadas,
com seus abismos desconcertantes!
O que era terra firme e segura,
é gelo móvel e flutuante.


[Helena Kolody | Infinita Sinfonia | Curitiba | Inventa 2014 | p.91]


quinta-feira, janeiro 25, 2018

Idealidade


Outro dia ouvi uma história ─ que poderia ser perfeitamente ilustrada por essa tela ─ demasiado representativa do poder que a poesia (ou mesmo a literatura em geral) tem de nos transportar para o mundo ideal. Mas para que a representação viesse ao encontro dessa história eu modificaria ligeiramente a interpretação apresentada aqui, a despeito das intenções do artista. Anyway, é uma belíssima tela! Enjoy !

The Sonnet | by George Washington Thomas Lambert | 1873-1930

domingo, janeiro 14, 2018

Changes


Há uns 7 anos mais ou menos conheci, nem me lembro como, o som desse cara. Fiquei impressionada com sua expressão vocal, rítmica e facial. Depois, com sua história de vida. Hoje encontrei (meio por acaso) esse vídeo 💔.

Keep calm and take a look 👀



ah... esqueci de comentar...

o que me chamou a atenção nesse vídeo foi uma pergunta que emergiu, assim, naturalmente, dans ma tête:

que coisas um rosto, uma expressão facial, uma voz,  um ritmo, um movimento de cabeça, olhares e gritos são capazes de nos dizer a despeito da compreensão dessa music lyrics tão simples?

sexta-feira, janeiro 12, 2018

Call her


a gente liga pra amiga
a amiga pergunta se tá tudo certo...
a gente responde:
hummm, tá, tá sim, tá tudo certo
em linhas tortas,
mas tudo certo... rs

.....................................
[marília côrtes/ 2018]


quarta-feira, janeiro 03, 2018

Logo ali perto de casa






Caminhando sobre o nada
o espírito vaga
e fotografa
a realidade incerta
da manhã azulada
logo ali
na calçada
perto de casa.

[marília côrtes / 2018]



domingo, dezembro 31, 2017

Storm


Sem aviso
o vento vira
uma página da vida.


[Helena Kolody | Infinita Sinfonia | Curitiba | Inventa 2014 | p.23]


Storm
by Lucien Levy-Dhurmer




quinta-feira, dezembro 28, 2017

Abismal




Meus olhos estão olhando
de muito longe, de muito longe,
das infinitas distâncias
dos abismos interiores.
Meus olhos estão a olhar do extremo longínquo
para você que está diante de mim.
Se eu estendesse a mão, tocaria sua face.
Mas os cinco dedos pendem como um lírio murcho
ao longo do vestido.

Aqui tudo é leve, silencioso, indefinido, 
imóvel.
Não tenho mais limites.
Tornei-me fluida como o ar.
Seus olhos têm apelos magnéticos,
mas estou abismada
em profundezas infinitas.



[Helena Kolody | Infinita Sinfonia | Curitiba | Inventa 2014 | p.133]


terça-feira, dezembro 26, 2017

Resting


by Santiago Carbonell


"Deitava o corpo como em uma pintura clássica, de modo a acentuar os tremendos altos e baixos das curvas. Deitava-se de lado com a cabeça repousando no braço, a carne de tonalidades acobreadas distendendo-se de vez em quando, como se padecendo sob a dilatação erótica de carícias feitas por uma mão invisível."

[ Anaïs Nin | Delta deVênus | Tradução de Lúcia Brito | Porto Alegre | L&PM Pocket | p.192 ]

quinta-feira, dezembro 21, 2017

Divagação

-  Vou passar um hidratante no corpo.

Sobre a pia encontram-se três embalagens em cores e designs mais ou menos semelhantes: o hidratante, um démaquillant e um shampooNum gesto mecânico, absorta, pego o démaquillant (líquido como água) e derramo-o nas mãos como se fosse o hidratante. Derramo quase tudo. Espanto-me. Percebo imediatamente: 

- Caraca!!! Acho que estou ficando louca!!!

Insisto em passar o creme. Repito o gesto. Divago novamente. Pego o shampoo e, mecanicamente, derramo-o nas mãos. Percebo o engano com um segundo a menos de imediatez, dada a consistência cremosa mais semelhante ao hidratante.

- My god! Não estou ficando louca! Já estou louca! 

Insisto novamente. Presto bastante atenção. Terceira tentativa. Pego o hidratante e, enfim, espalho-o pelo corpo...

- Ahhh... algum resto de sanidade deve permanecer em mim! 


Haze All Clouded up My Mind 
by Marisa S. White


sábado, dezembro 02, 2017

Truísmos




Em tempos de facebook e demais redes sociais o velho ditado "diga-me com quem andas que te direi quem és" permaneceria de pé? Não, diria um filósofo qualquer, na verdade, ele nunca esteve infalivelmente de pé, pois não se segue necessariamente (ainda que as pessoas com as quais nos relacionamos possam, talvez, dizer algo do que somos). Mas vários fatores (leia-se causas ou motivos) podem concorrer para a determinação dos laços e associações que os seres humanos estabelecem. Em tempos de facebook e demais redes sociais, essa variedade aumentou sobremaneira (a distância, a superficialidade e a obscuridade também).



[art by Shin Kwangho ]