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quinta-feira, outubro 26, 2023

Filosofia e Literatura: uma transa?

de 28/11/2023 a 01/12/2023


Pode-se dizer que a relação entre a filosofia e a literatura vem sendo debatida há séculos. A história da filosofia está repleta de reflexões em torno desse tema. Reflexões que remontam, ao menos, à Grécia Antiga, com Platão e Aristóteles, e atravessam seus mais de 2.500 anos. Em cada período de sua história — antiga, medieval, moderna e contemporânea — há, nessa galáxia, uma constelação de filósofos-literatos e muita filosofia escrita em gêneros literários distintos: ensaios, diálogos, epístolas, tragédias, confissões, tratados, investigações, aforismos, romances filosóficos, romances autobiográficos, contos e poemas. 

Afora esse aspecto em torno dos gêneros textuais, tanto filosóficos quanto literários, temos, de um lado, em seu sentido primordial, a filosofia em busca da sabedoria, do conhecimento e compreensão das questões mais fundamentais da existência, e, de outro, a literatura, como arte criativa, expressa por meio da linguagem e suas mais diversas narrativas. Ambas se expressam por meio da linguagem, das palavras, dos discursos. E produzem textos, isto é, são textualmente transmissíveis, cada qual a seu modo.

Nesse horizonte, o que se percebe é que, embora a filosofia e a literatura sejam disciplinas distintas, mostram-se, em seus variados gêneros, temas, aspectos, perspectivas e problemas, profundamente entrelaçadas. Dá-se, digamos assim, uma relação transacional entre elas, isto é, de transação, no sentido, entre outros, que Benedito Nunes deu a essa relação, em seu ensaio Poesia e filosofia: uma transa (2010), designando o termo poesia “no sentido estrito de composição verbal, vazada em gênero poético, [...], mas designando, também, no sentido lato, o elemento espiritual da arte [...] que acompanha o poético do romance, do conto e da ficção em geral”. Ali Nunes também esclarece o uso e significado do vocábulo ‘filosofia’, estendendo-o da noção de um “sistema e da elaboração reflexiva à denominação dos escritos, textos ou obras filosóficas que os formulam” (NUNES, 2010).

Dessa perspectiva, o próprio evento também se torna transacional, na medida em que propõe pontes com o curso de Letras, num momento em que as ciências, sobretudo as ciências humanas, encontram-se tão isoladas, e que as humanidades perdem espaço nos currículos da educação básica. Diante desse cenário, buscamos promover um debate acerca de um possível parentesco discursivo entre essas duas áreas das ciências humanas, bem como em torno de suas críticas, semelhanças, dificuldades, diferenças, limites, gêneros, temas e problemas.

Pergunta-se: em que sentido filosofia e literatura se aproximam? Dialogam? Com que olhares se veem? Em que sentido haveria uma transa entre elas? Em que aspectos se diferenciam? Para discutir essas questões, a filosofia sai em busca de um encontro (um date) com a literatura. Promove uma jornada de debates, propõe um diálogo, um flerte, um caso de amor. Ambas como espaço de humanidades, de expressões da vida humana. Quer especular o que literatos e literatas têm a dizer sobre a filosofia, e o que filósofos e filósofas têm a dizer sobre a literatura. Quer saber o que nossos alunos, professores, artistas, estudiosos, autodidatas, diletantes e curiosos pensam a respeito. 

Em um evento de somente uma tarde e quatro noites, isso seria beber apenas uma gota do vasto e profundo oceano das Humanidades — conceito mais do que relevante nesse universo, e que deve ser sempre trazido à baila, tanto no ambiente acadêmico quanto fora dele. 



Coordenação Geral

Marília Côrtes de Ferraz

Vice-coordenação

Renan Henrique Baggio


Comissão Organizadora

Professores

Alexander Gonçalves
Antônio Carlos de Souza
Constança Barahona
Gerson Vasconcelos Luz
Guilherme Müller Junior
Luana Talita da Cruz
Marília Côrtes de Ferraz
Renan Henrique Baggio


Acadêmicos

Giovana Andrea da Silva
Giovanna Maria Koba Vieira
Isabella D'Aquino Marcondes Noronha
Mário André de Oliveira
Olga Heroany Cassemiro
Yuri Claro de Moraes Campos Miranda

Comissão Científica

Alexander Gonçalves
Antônio Carlos de Souza
Constança Barahona
Gerson Vasconcelos Luz
Guilherme Müller Junior
Luana Talita da Cruz
Luciana Brito
Marília Côrtes de Ferraz
Renan Henrique Baggio


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sábado, setembro 15, 2018

Humanidades






Encontrei há alguns dias esse velho livro em minha estante. Tá surrado (é de 1980), e certamente existem hoje edições bem melhores. Esse eu comprei quando ainda era teen. Na época, entre as diversas áreas de conhecimento, era a física que mais me despertava a curiosidade e interesse (e mais como diletante, claro, pois havia saído há apenas um ano do colegial e ainda não sabia bem o que queria fazer da vida).  

O estudo da filosofia (que não fazia parte do currículo escolar daquele tempo) só entrou pra valer em minha vida quase 20 anos depois. Nesses 20 anos me mudei várias vezes de casa, de cidade, de opiniões e de ideias, me perdi outras tantas pelos caminhos, mas não perdi o livro. Tenho um baita apreço por ele e por muitas das ideias e opiniões de Einstein sobre o mundo. Eis uma delas:



Educação em vista de um pensamento livre

"Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à comunidade.

Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos contatos vivos com os professores, de forma alguma se encontram escritas nos manuais. É assim que se expressa e se forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor "As Humanidades", quero recomendar esta cultura viva, e não um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia.

Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto de eficácia, assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem. [...] O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom inestimável, mas nunca como uma obrigação penosa."


Albert Einstein
Como Vejo o Mundo
(pp.29-30)