terça-feira, agosto 29, 2017

Dor


Esta, a lancinante, a companheira perpétua, dor, a amiga vitalícia – como funda e violentamente penetra, que é como se rasgasse, dentro aqui, é como se meticulosamente perfurasse, como se fendesse, dentro aqui, a veia mínima. Não a aorta ou carótida, mas a artéria ínfima, aquela que alimenta o centro do centro do centro do meu coração. E dói tanto, dói por ti, única e somente e infinitamente por ti.


texto | Ygor Raduy | in: Pequeno Manual de Coisas Absolutamente (Ir) Relevantes


quinta-feira, agosto 10, 2017

VI Encontro Hume - UFMG - BH - 2017


Segue abaixo o link para acessar a programação do VI Encontro Hume. O evento ocorrerá entre os dias 21 e 25 de Agosto de 2017 - na UFMG/Belo Horizonte/MG, and I'll be there...




terça-feira, agosto 01, 2017

Restos e destroços


[...]

(1.2)

Nem tudo se desfaz, anda em tudo um resquício,
um eco ou outro a mais de restos e destroços, 
que alcançam ou não alcançam voltar a serem nossos,
segundo um coração baixe a seu precipício.

Que a aventura é escarpada e a escalada difícil,
alguém já disse isso; diz-se também que os ossos
do ofício, nus, inglórios, são como um desperdício,
um fogo-fátuo na memória - quantos fósseis
somam um só rosto, a mão que o livra num só gesto
de um feixe de cabelos a tumultuar-lhe a testa...?

Resta que um corpo acorda louco de alegria,
só porque, oco como uma ânfora vazia,
ainda há pouco invadiu-o, lhe entrou por cada fresta,
a luz daquele gesto que ele há tempos não via...

[...]

Bruno Tolentino | As Epifanias | A imitação do Amanhecer | SP  Globo | 2006