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domingo, novembro 06, 2016

Apenas um voo




Estou num avião. Não consigo gostar de voar. Tenho medo. E quase sempre a impressão de que ele vai quebrar, partir-se todo, explodir ou desmantelar-se no ar. Não me agradam as expressões dos tripulantes. Sorrisos treinados, branco-amarelados. Tampouco da maioria dos passageiros. Como se tudo estivesse bem. Para alguns talvez esteja mesmo. Porém, dentro de um avião, jamais as coisas estarão bem para mim. Simplesmente porque eu não me sinto nada bem. 

Se há turbulência, meu coração parece que vai explodir (assim como o avião). A descarga de adrenalina é asfixiante. Meu pulso acelera, meu sangue esquenta, ou melhor, não sei se esquenta ou se gela. As sensações se misturam. E se confundem. Não fosse impossível, tal como imaginar um círculo quadrado, eu diria que meu sangue esquenta e gela ao mesmo tempo. E sob as mesmas circunstâncias e condições. Sinto-me como se suasse gelo. Trêmula, começo a ficar ofegante. O ar começa a faltar. E eu tento, então, meditar. Respirar calmamente. Mentalizo: nam-myoho-rengue-kyo... nam-myoho-rengue-kyo... nam-myoho-rengue-kyo...

Olho para as pessoas ao meu redor. Todo mundo aparentemente calmo. Mas não adianta. Quaisquer estalidos, quaisquer sacudidelas, deixam-me mais apreensiva. Fico em estado de alerta o tempo todo. Os ouvidos atentos. Os sentidos  aguçados. Estridentes. E os nervos à flor da pele. Se o voo é estável, respiro melhor. A sensação de morte se atenua. Mas nada se compara ao conforto de sentir as rodas tocarem o chão e, mais ainda, de sentir meus pés no chão.

Prefiro viajar de carro, embora digam que o perigo é mil vezes maior. Podem dizer à vontade. Podem me apresentar dados e estatísticas que demonstrem isso. Não me convencem, infelizmente. Posso saber disso, mas não consigo sentir isso. Melhor viajar na mente. No sonho. Na imaginação. (Ainda que eu não deva desconsiderar as vantagens de se viajar de avião. Todos conhecem).

Agora, por exemplo, ele passou por um período de estabilidade. Consegui ficar relativamente tranquila a ponto de abrir meu aplicativo Day One para escrever essas baboseiras que vocês estão lendo. Mas agora ele vai começar a descer. A paixão do medo toma conta de mim. O barulho do motor se altera. Outros barulhos gritam aqui e ali. A velocidade cai. A altura cai. Dentro de mim tudo cai. Parece que o motor vai pifar. O avião começa a chacoalhar de novo. O coração dispara. Pronto. Volto a me sentir hiper insegura e agitada. Na verdade, apavorada. Minha imaginação, involuntariamente, produz monstros. Uma legião deles.


Hoje os voos estão sendo piores do que os da última vez, cujo tempo estivera aberto e o sol radiante. É o segundo do dia, dada a conexão. Pensei que havia, senão superado (acho que isso nunca vai acontecer), ao menos amenizado meu medo de voar em aviões. Mas não. Basta um voo levemente turbulento (e digo levemente porque aparentemente ninguém se abalou; e também porque nunca passei por algum voo desses que já me contaram, cujas máscaras de oxigênio caem e todos se apavoram, gritam and so on) para eu perceber que não superei p**ra nenhuma.

Neste voo do qual vos escrevo, por exemplo, por conta da turbulência, não houve serviço de bordo. A tripulação começou a se armar para o serviço e logo vi que todos pararam. O comandante resolveu avisar, pedindo desculpas, que não teríamos tal serviço porque não havia segurança nem para nós nem para os tripulantes. Ninguém parece ter se abalado (exceto a pessoa ao meu lado, que sentiu meus nervos nervosos). Pensei: precisava anunciar, comandante? Precisava explicar? Cazzo. Eu já havia sacado. Aliás, provavelmente todos já haviam sacado. Afinal, a turbulência era evidente. Mas o aviso, vindo lá da cabine do piloto, ora ora... cala a boca, comandante!

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Voar é para os pássaros


Chegamos em Montevideo. Antes disso, tortura aérea. Três decolagens. Três pousos. E algumas turbulências. Ai... como detesto voar dentro de uma máquina gigante, inflamável e falível (é assim que concebo um avião). Se eu soubesse que teria de voar, preferiria ter nascido  pássara!

De início, já detesto as instruções das aeromoças ou comissários de bordo, que dizem sempre sorrindo: "em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão. Puxem o elástico, coloquem a máscara 'assim' e respirem normalmente". Ora bolas, indago indignada: quem pode respirar normalmente numa situação dessa?  E com aqueles sorrisinhos brancos, simpáticos e tranquilos, continuam eles: "em caso de pouso na água, usem o acento para flutuar... e blablablá".

PQP, dá vontade de mandá-los à M...! Num grito silencioso, imploro: calem a boca peloamordedeus! Não povoem a minha imaginação (que já é suficientemente fértil) com essas possibilidades. Afastem de mim esses cálices!

Well, um modo de amenizar meu sofrimento é, se possível, nunca me sentar próxima à janela. Assim posso evitar olhar pra fora, pois se vejo que o céu está carregado de nuvens escuras (que nunca me parecem passageiras), fico mais apavorada ainda. No primeiro voo, Londrina-São Paulo, tive pânico e tremedeira (ainda bem que minhas demais funções eu consigo controlar rs). Desta vez, como em muitas outras, cheguei (discretamente) a chorar...  de medo e de nervoso (sempre tenho medo e fico nervosa em qualquer voo, mas, em geral, e por pura necessidade, aprendi a ter um [in]certo controle). Comecei tomando calmantes e, aos poucos, fui encarando os voos "de cara", sem tarja preta nenhuma.

Em qualquer decolagem tenho a sensação de que o avião não vai conseguir subir, ou, pior, que vai explodir: BUUUMMM... e tudo irá pelos ares (e por terra abaixo)! Não suporto qualquer movimento, qualquer balancinho, qualquer barulhinho diferente, seja no motor do avião, seja no recolher ou acionar do trem de pouso. Odeio quando o avião se inclina nas curvas. Tenho a impressão de que ele vai despencar. E a cada vez que ouço o sinal que indica que alguém vai falar (o comandante ou qualquer tripulante), meu coração salta pela boca... e volta (ainda bem que volta!). Lá vem o BLIM-BLOM: "senhores passageiros..." imediatamente minha mente trágica imagina um aviso nefasto, do tipo: "o avião apresenta problemas, uma das turbinas pifou, a outra está pegando fogo, vamos ter de fazer um pouso de emergência, além de, antes, enfrentar uma tempestade com raios, ventos, trovões e furacões". Apertem os cintos!!! Socoooooorro...!!!

No segundo voo, São Paulo-Porto Alegre, resolvi tomar 1/4 de Rivotril, pois estava nervosa demais. Meu estado era de emergência. Eu era uma bomba-relógio, sem humor para brincadeiras e piadas. Mas, com o Rivotril, consegui cochilar e relaxar um pouco (apesar da eterna e constante sensação de insegurança e medo). 

No terceiro, de Porto-Alegre a Montevideo, mais 1/4 de Rivotril. Suspirei fundo, aliviada, quando o avião tocou o chão. Constatei que sobrevivemos! Porém (ahh... sempre tem um porém), em seguida, pensei: droga! teremos de voltar... e um voo é sempre periclitante, é sempre um voo no escuro (ao menos pra mim).  E de nada adianta tentarem me convencer de que o transporte aéreo é, estatisticamente comprovado, o mais seguro de todos. Não me ofereçam razões para acreditar nisso. Porque eu não acredito, infelizmente! Bem que eu gostaria... (ai de mim)!


quarta-feira, maio 18, 2011

GOL CONTRA

Há uma semana estive, por conta da GOL, num hotel em Porto Alegre. Eu teria de dormir uma noite em POA porque a GOL fez alterações na “malha aérea” e mudou meu voo para um horário no qual eu chegaria atrasada para meus compromissos. Com a mudança a “melhor opção” foi aceitar viajar um dia antes e ficar num hotel. Claro que eles se responsabilizariam em me levar do aeroporto a um hotel, evidentemente pago por eles, e, no dia seguinte, me levar de volta ao Aeroporto, d’onde eu iria até a estação de trem rumo à São Leopoldo. Na verdade eu reivindiquei isso para aceitar a mudança.

A princípio tudo bem, afora o porre de aeroportos que tomei. Saí de Londrina no início da tarde passando por Curitiba e São Paulo. Please, não me perguntem a lógica de ir de Curitiba para São Paulo e de lá para POA, pois a GOL se autodenomina Linhas Aéreas Inteligentes. Só sei que com tanta inteligência a viagem (entre sobe, desce e espera) foi de quase 9 horas. Mas até aí tudo bem. Mesmo tendo pavor de avião encarei numa boa (sei que sou uma pessoa um tanto tolerante). Pensei que ao menos chegando lá eu descansaria num hotel, no mínimo, básico; um hotel, digamos assim, padrão business (tipo Ibis, Sol Inn ou afins), resumindo, um hotel clean (afinal, não sou cheia de frescuras e jamais esperaria que eles me mandassem para um cinco estrelas).

My god, quando cheguei lá, em torno das 22:00 hs, achei tudo meio esquisito, a atmosfera pesada, com cara de zona do meretrício. Mendigos dormiam pelas calçadas e também embaixo do viaduto que era logo ali. O lugar parecia ser de alto índice de periculosidade. Até aí tudo bem, pensei, cheia de tolerância... (haja tolerância). Entrei logo e, claro, não gostei nem um pouco. Detalhes à parte, o hotel era de um profundo mau gosto. Bom, até aí, eu repetia a mim mesma, tudo bem... Ah... como eu queria acreditar que “tudo estava bem”! Só que as coisas estavam cada vez piores.

Fiz minha ficha, peguei minha chave e subi não me lembro pra qual andar. Afff, quando saí do elevador levei um susto. Os corredores eram meio sinistros, mofados e mal acabados. Tudo parecia “de quinta”. O pior foi quando abri a porta e entrei no quarto. Levei um choque. Tudo, sem exceção, era pra lá de chinfrim, e eu só conseguia dizer: não acredito! não acredito! não acredito que a GOL me mandou pra um lugar como esse! Tentei me acomodar mas não consegui. Em 10 minutos liguei para a recepção e perguntei: moça, vocês só têm esse padrão de quarto?

Ela me perguntou: por quê? Não está bom?
Respondi: Claro que não!
Ela: ah, então desça aqui que eu vou te dar um que você certamente vai gostar.

Well, desci com um pouco de esperança (mas só um pouco), porque decididamente a aparência geral do hotel não era nada agradável. A recepcionista me deu um outro quarto que ela mesma denominou upgrade (que é o luxo), e garantiu que eu ia gostar. Ao pegar a chave perguntei a ela: a Gol manda seus clientes para este quarto? Ela disse um sim meio disfarçado e se apressou em acrescentar que a GOL autorizava acomodações também num quarto upgrade. Só não entendi por que ela não me mandou logo para um desses. Provavelmente ela arriscou. Se eu não reclamasse, ficaria por lá mesmo! De qualquer modo, fiquei mais tranquila e subi. Antes, passei pelo restaurante para jantar (e nem vale a pena perder tempo falando disso, a impressão ruim era a mesma). Quando saí do elevador, outra decepção. O corredor era igual ao anterior: muito esquisito! Dirigi-me desconfiada para o quarto e abri a porta. O mau gosto era o mesmo, mas as acomodações eram melhorzinhas (padrão luxo rsr, mas o luxo deles):o quarto era enorme, com uma cama de casal e duas de solteiro, umas colchas cor de burro quando foge, iguais as do quarto anterior, cortinas velhas e encardidas, mesinha redonda com cadeiras (meio caquéticas), porém, com TV de LCD (grande coisa), bancada de estudo, internet que, apesar de free, não conectou de jeito nenhum. Eu repetia: tudo bem, Marília, você só precisa tomar um bom banho e de uma boa noite de sono. Amanhã será outro dia!

Antes do banho resolvi arrumar a cama. Peguei um acolchoado no armário e, eis senão quando, vi que ele estava sujo, com cara de não lavado (não é mal lavado é não lavado mesmo) e com algumas manchinhas meio marrons (não me perguntem do que eram, pois não gosto nem de imaginar...). Pensei: e agora? Vou ter de encarar isso? Expressei um aiiii de quem estava sofrendo e vi que sim, eu teria de encarar, pois já era bem tarde e eu achava que nem adiantaria mais reclamar. O padrão era aquele. A contragosto puxei o lençol (este parecia limpo) e estendi o edredom por cima, de modo a que ele jamais tocasse em mim. Deixei ali e fui para o banho. O banheiro era bem vagabundo, mas eu precisava de um banho e descanso.

Retirei-me por um minuto do banheiro pra pegar umas coisas na mala e quando voltei, pasmem!!! vi uma barata tonta, gigante e horrorosa (como todas) vindo em direção ao meu pé. A sorte dela é que não tive (nem tenho) coragem de matá-la com um pisão. Dei um grito pra honrar a sensibilidade das mulheres e pra não perder o costume e saí correndo, fechei a porta e liguei na recepção. Um rapaz atendeu e disse que iria subir pra resolver, isto é, ele iria matar a barata. Ele subiu, só que a barata havia sumido, e não tem nada pior do que saber que existe uma barata perdida e invisível no local. Pedi um veneno qualquer, tipo spray, para caso eu a visse de novo. Mas eles não tinham. Dá pra acreditar?

Bom, ela sumiu mesmo e eu passei, por medida de segurança, a noite toda com a TV ligada (pra não ficar totalmente no escuro) e a impressão de que a qualquer momento aquela coisa horrorosa iria aparecer e meu mundo desabar. Quer dizer, não relaxei, não dormi, não descansei! Eu só rangia os dentes e pensava: putz, é assim que a GOL trata os seus clientes? Acho que não é preciso dizer mais nada! Fiquei indignada e estou aqui registrando a minha profunda insatisfação com o tratamento que a GOL me dispensou! Ora, se a GOL é uma marca que sugere o que um GOL significa, certamente ela marcou um GOL contra!