Mostrando postagens com marcador universo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador universo. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, junho 20, 2012

In versos


[ Art by Dean Mcdowell ]



                                          queria um verso
                                          que versasse
                                          sobre meu universo
                                          esse verso único
                                          que atravessa
                                          meu coração
                                          transverso.


                                          [marília côrtes / 2012]

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Sobre o fim do mundo VII, VIII e IX (continuação e fim)


VII - Você acredita na extinção da raça humana? 




[abaixo deste post seguem cinco outros posts com as questões de I a VI].

De acordo com tudo que falei acima (no blog é abaixo) acho possível que ela se extinga, mas a curto prazo, pouco provável. Se com as pesquisas sabemos que os recursos naturais estão esgotados 25 % a mais da capacidade regenerativa do planeta, com uma sóbria, eficiente e responsável política de preservação ambiental poder-se-ia reverter esse quadro, pois sabemos também que a natureza tem uma poderosa capacidade regenerativa. Se há interesse em preservá-lo (e eu acredito que há), o mínimo que deveríamos fazer para reverter esse quadro seria nos servir de recursos adequados, ou seja, a meu ver, nossa inteligência e conhecimento científico. Ora, não dá para ficar rezando!

VIII - O fato de o fim do mundo ser presente na vida humana desde o início da civilização se deve a quê?

É importante que se perceba que o fim do mundo não é, para nós, um fato, mas sim uma idéia, e penso que essa idéia vem de uma reflexão sobre outras idéias. Talvez, e, principalmente, das idéias de finitude e mortalidade, como já disse acima (aqui é abaixo).

IX - Se você soubesse o dia exato em que o mundo iria acabar o que você faria?



Essa questão me incomodou bastante. Num primeiro momento pensei: não tenho a mínima idéia. Mas, pensando bem, começaram a chover idéias na minha cabeça. Tantas que, por uma certa preguiça, preferi responder que sinceramente não sabia. E depois que dependeria da informação de quando isso pudesse vir a acontecer. E daí as perguntas e respostas começaram a me parecer circulares. E resolvi encerrar o assunto... só não disse que se essa possibilidade fosse imediata, como qualquer mortal comum, provavelmente, eu me desesperaria.


C’est fini!


terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre o fim do mundo V e VI (continuação)


V - Existiria então algum meio de salvação?

Se entendermos o fim do mundo como certo e infalível, não. Aquilo que é certo e infalível não tem como deixar de acontecer. Se o entendermos como apenas provável – uma hipótese - sim, pois na esfera das probabilidades encontra-se a contingência. Para cada evento apenas provável ao menos um evento diferente tem de se apresentar como possível e, talvez, este evento diferente viesse a se apresentar como a salvação. As hipóteses estão aí para serem confirmadas ou refutadas.


VI - Na sua opinião o fim do mundo está relacionado a atitudes humanas ou a algo divino?


Bom, como você deve ter percebido, para mim o fim do mundo pode e deve ser pensado a partir de algumas hipóteses. Sendo assim, essa resposta dependerá de qual delas eu assumo para pensar como esse fim poderia vir a acontecer. 

Não tenho a menor simpatia em relacionar o fim do mundo a algo divino. Sou bem mais simpática às teorias que a ciência oferece, como por exemplo, aquela que relaciona esse fim (do planeta terra) a eventos naturais que podem, num certo sentido, ser atribuídos (com muita cautela) a atitudes humanas de constante destruição. Porém, se de repente soubermos que um enorme meteoro vem, numa velocidade estonteante, em direção a terra, e que não há como ele não se chocar com ela, não podemos atribuir essa causa a atitudes humanas. 

Certamente muitos poderão relacionar esse fato a causas divinas, mas, como já indiquei, considero tais atribuições supersticiosas e arbitrárias. Não há nenhuma causa humana (e divina, já que não tomo essa hipótese como razoável) na prevista morte do sol (cientistas calculam que será daqui a 6,5 bilhões de anos, e que quando isso acontecer a Terra já terá sido consumida numa enorme nuvem incandescente, ao menos 1,5 bilhão de anos antes). 

Mas sabemos que os homens também têm um certo potencial de provocar paulatinamente uma destruição do mundo (ao menos em termos de planeta terra), seja esgotando irresponsavelmente os recursos naturais de modo a provocar cada vez mais catástrofes e calamidades, seja (de maneira mais radical) explodindo bombas atômicas de potências avassaladoras. 

Li outro dia que o relatório de 2006 (não sei de qual pesquisa) mostra que os seres humanos já usam dos recursos naturais do planeta 25% a mais do que a capacidade que a natureza tem de regenerá-los, o que significa que se continuarmos nesse ritmo, em 2050 (cálculo que a pesquisa fornece), precisaremos de dois planetas Terra para proverem nossas necessidades. Em vista de tudo isso, penso que é preciso determinar dimensões, proporções, e também considerar várias causas concorrentes para se responder com um mínimo de plausibilidade a essa questão.

terça-feira, julho 11, 2006

Ainda sobre a ordem e o caos


Caro Diego

Receio que nosso acordo não seja tão grande quanto você pensa. Gostaria de insistir num ponto. Você afirma que “ao menos não existe um caos tamanho que possibilite o surgimento de matéria”. Essa, a meu ver, é uma afirmação temerária, pois, na verdade, podemos afirmar apenas que não temos a experiência de ver a matéria surgir de tamanho caos, e não de que ele, de fato, não exista. Temos sim a experiência das transformações da matéria, mas a origem desta permanece oculta às nossas percepções. Não entendo por que você considera o argumento da subjetividade humana válido, mas, ao mesmo tempo, abominável em relação às leis físicas e químicas. Não estou segura, mas parece-me que a física quântica já admite a possibilidade de que não haja imparcialidade do sujeito em relação aos movimentos das partículas atômicas. Também não vejo como se possa demonstrar que se partirmos do pressuposto de que em tudo há subjetividade humana deveríamos declarar um caos absoluto. Ora, subjetividade não é igual a caos. Ao contrário, do modo como a subjetividade foi por mim expressa, pode-se dizer que ela tem uma estrutura própria de ordenação dos materiais apreendidos. A questão seria: é o universo que possui ordem ou é nossa subjetividade que o ordena de modo a torná-lo o mais compreensível possível?

terça-feira, julho 04, 2006

Ordem ou Caos?



Caro Diego.
Se entendi bem, quando você fala em surgimento e desaparecimento da matéria, acho que o que você está querendo dizer é que a matéria se transforma, não é? Com efeito, a matéria não desaparece. Nós não temos acesso pela experiência ao surgimento e desaparecimento da matéria, mas apenas à sua transformação. E essa transformação pode ser fruto – como disse antes e você também menciona – de princípios ordenadores intrínsecos à matéria.
Sobre monoteísmo e politeísmo. Penso que o defensor do monoteísmo tem de enfrentar realmente a dificuldade que você assinala. Sobre isso estamos de acordo. Contudo, acredito que um litígio apenas entre o monoteísta e o politeísta seria provavelmente vencido pelo primeiro. Platão e Aristóteles, para citar apenas os dois maiores filósofos gregos, nunca deram crédito ao politeísmo.
Em relação à inteligência do cosmos, a meu ver, não está de modo algum excluída a possibilidade do cosmos ser na realidade caótico e o princípio ordenador ser apenas uma imposição de nossa subjetividade às coisas.
Um abraço!

terça-feira, junho 20, 2006

O primeiro dia (1794) William Blake


Coloquei a gravura ao lado para ilustrar a idéia de rigor e precisão.
Pintada por William Blake e intitulada O primeiro dia (1794), tal gravura "representa a regularidade encontrada em cada nível do universo conhecido, desde o maior até o menor de todos, e normalmente em formas que podem ser expressas em equações matemáticas. É como se o universo mesmo contivesse a racionalidade. Como disse alguém um dia, é como se 'Deus fosse matemático'" (Bryan Magee. História da Filosofia). 

Como vocês podem observar, a imagem representa um Deus que possui em suas mãos um compasso - instrumento de precisão. E, de fato, o título "O primeiro dia" alude, neste contexto, ao momento da criação do universo (supostamente criado por Deus). Portanto, a figura remete, ao menos em linhas gerais, à tese do criacionismo. Isso me leva a pensar naquilo que os filósofos chamaram de argumento do desígnio e que Hume, nos Diálogos Sobre a Religião Natural, também discute. 

O argumento do desígnio é o argumento mais difundido e bem aceito da religião natural em favor da existência de Deus. Há várias versões deste argumento, mas em sua forma mais abrangente ele reza que a partir da aparente ordem, beleza e desígnios do universo, podemos legitimamente inferir a existência de um criador, possuidor de atributos naturais e morais, tais como inteligência, poder, sabedoria, benevolência, justiça e misericórdia. Embora Hume, na voz do personagem Cleanthes, não pense exatamente num ordenador matemático, a análise que ele faz do argumento do desígnio tem uma íntima relação com as idéias que a imagem nos desperta. Mas aqui vou apontar ao menos dois problemas que Hume levanta nos Diálogos: por que pensar num único ser ordenador e não em vários seres ordenadores? Ou por que não pensar que a própria matéria possa ter um princípio organizador interno responsável por toda essa ordem aparente?