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quinta-feira, abril 09, 2020

Bom senso


Ontem, pela primeira vez, fiz uma reunião (virtual) de estudos com os alunos envolvidos em meu projeto de pesquisa na UENP. Um estudo sobre os Ensaios Morais, Políticos e Literários de Hume. Foi uma espécie de live, como denominou uma aluna. Live pelo Zoom. Achei bem interessante essa experiência, embora ainda não esteja muito familiarizada com esse formato virtual de discussões filosóficas, nem me entenda muito bem com a câmera e o aplicativo.

Por ter me debruçado um pouco sobre a obra, o autor e alguns temas relativos aos common affairs of life, e logo cedo ter me defrontado com alguns tititis sobre a pandemia e os pandemônios espalhados pelo mundo afora, assim como com a imensa variedade de opiniões, gostos, news e fake news sobre os diversos assuntos, me lembrei de uma passagem que abre o Discurso do Método (DM 1637) de Descartes.

Ora, mas Hume e Descartes não jogam em times rivais? Num certo sentido, ou mesmo em vários sentidos, sim! Teorias diferentes. Métodos distintos...

E Descartes não escreveu o DM lá no século XVII? Ele também não defendeu certas ideias que hoje não se sustentariam? Ok. Pode-se dizer que sim!

Mas, caros leitores, peço a vocês, avaliem por si mesmos se o que ele diz não faz sentido:

"O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem” (DM I §1).

Sem mais,