É amor? Não sei. Esta intranquilidade,
Este gozo na dor, esta alegria
Triste que vem de manso e que me invade
A alma, enchendo-a e tornando-a mais vazia;
Este cansaço extremo, esta saudade
De uma cousa que falta à vida... O dia
Sem sol, as noites ermas, a ansiedade
Que exalta e a solidão que anestesia,
É amor. Egoísmo de sofrer sozinho,
De as penas esconder do humano açoite,
De transformar as pedras do caminho
Em carícias sutis para colhê-las
E andar como um sonâmbulo, na noite,
Escancarando os olhos às estrelas...
[ © Olegário Mariano | In: Canto da minha terra ]
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