'Da solidão do fruto'
De meu corpo ofereçoas minhas frutescências,
casca, polpa, semente.
E vazada de mim mesma
com desmesurada gula
apalpo-me em oferta
a fruta que sou.
Mastigo-me
e encontro o coração
de meu próprio fruto,
caroço aliciado,
a entupir os vazios
de meus entrededos.
'Da partilha do fruto'
De meu corpo ofereço
as minhas frutescências,
e ao leve desejo-roçar
de quem me acolhe,
entrego-me aos suados,
suaves e úmidos gestos
de indistintas mãos e
de indistintos punhos,
pois na maturação da fruta,
em sua casca quase-quase
rompida,
boca proibida não há.
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as minhas frutescências,
e ao leve desejo-roçar
de quem me acolhe,
entrego-me aos suados,
suaves e úmidos gestos
de indistintas mãos e
de indistintos punhos,
pois na maturação da fruta,
em sua casca quase-quase
rompida,
boca proibida não há.
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[Conceição Evaristo | in: Poemas da recordação e outros movimentos | Belo Horizonte | Nandyala | 2008]
strawberry
close-up the fruit
[desconheço o/a autor/a]
2 comentários:
Literalmente apetitoso esse poema. Ótima aplicação. Vou me enveredar pelo universo da Conceição!
Não vai se arrepender. Ela é mara...
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