LXIX
No encalço de um astro,
Sob um teto de bruma ou dissolvido no ar,
Iço a vela ao mastro;
O peito para frente e os pulmões enfunados
Tal qual uma tela,
Escalo o dorso aos vagalhões entrelaçados
Que a noite me vela;
Sinto que em mim ecoam todas as paixões
De um navio aflito;
O vento, a tempestade e suas convulsões
No abismo infinito
Me embalam. Ou então, mar calmo, espelho austero
De meu desespero!
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BAUDELAIRE, Charles | As Flores do Mal |Tradução de Ivan Junqueira | Rio de Janeiro | Nova Fronteira, 1985 | p. 293.
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Franz Sedlacek | Abendlied | 1938 | #surrealism
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