Magoa-me a saudade do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
sói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas
Seja eu de novo tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula, raiz exposta
Traz de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda em mim
os animais que atormentam o meu sono.
[out/1979]
in: Raiz de Orvalho e Outros Poemas
4 comentários:
Muito bom o seu blog. Felicidades.
Obrigada, felicidades to you too ;)
que coisa boa de se ler numa segunda-feira modorrenta! :)
boa mesmo, Patt... bjos
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