segunda-feira, setembro 23, 2013
O duplo homicida-suicida
“Já não há mais sair da morte
uma vez que foi decidida,
uma vez fechada as paredes
de algodãozinho que vestiam.
Cada um tem a melhor foice
E a razão melhor para a briga;
Juntos constroem a própria arena,
atando-se no outro a camisa.
Não há nenhum limite à arena;
atando-se no outro a camisa.
Não há nenhum limite à arena;
no terreiro, nem giz a indica;
é o pouco que ocupa esse abraço
do duplo homicida-suicida.
Então o duelo, entre um só corpo;
Morre e mata, sem que se diga
Quem é quem, e igual, quem foi quê,
na massa abraçada e inimiga.”
(MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 96-97)
Imagem: Akseli Gallen-Kalella. The Lovers, 1906-1917
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