segunda-feira, maio 07, 2012

Devagar a divagar



Outro dia uma amiga minha me definiu como um mar de águas plácidas, isto é, um mar sem ondas. Achei engraçado, pois dentro de mim, como diria Stendhal, “minha alma é um fogo que sofre se não arde”.

Ela fez referência a essa minha placidez com base (segundo ela, e eu concordo em parte) no modo como eu lido, em geral, com as pessoas. Exclui-se aqui o modo como eu lido com minhas filhas, para as quais, segundo elas mesmas (e eu concordo em parte), sou uma mãe dramática, neurótica e estressada.

Essa minha amiga e mais algumas outras dizem que um traço característico meu é ser emocionalmente muito equilibrada e bem resolvida. Achei engraçado de novo, pois volta e meia, enredada em dilemas, contradições e paradoxos, sinto que meu coração é uma granada cujo pino está prestes a saltar, e eu, tragicamente, prestes a explodir. Por paixões, tais como as do amor, do medo, da cólera, da audácia, do orgulho, da esperança ou desespero, sou capaz de transitar do céu ao inferno e do inferno ao céu em poucos segundos.

Another day, uma outra amiga me disse que nasci plugada. Esta me traduz como uma mulher agitada, capaz de ferver, fazer e coordenar várias coisas ao mesmo tempo. Mas embora eu me considere uma pessoa que funciona bem (sob pressão, of course), ninguém há de estranhar se me encontrar devagar... devagar... a divagar... divagar...

Por essas e outras, talvez não seja à toa que amo a filosofia, a literatura e a poesia; que me apaixono por princípios, palavras, ideias, gestos, imagens, expressões e movimentos; e que adoro a música, a pintura, o cinema e, numa palavra, a arte. No fundo, acho que sou uma esteta, porém, sem ser propriamente uma artista.

[Arte by Edward Zentshik]

4 comentários:

carina paccola disse...

Hum... Águas plácidas? Vc tá mais pra vulcão. Acredito que a filosofia é uma maneira de canalizar toda a energia vulcânica que tem dentro de você. Isso não significa que você aja intempestivamente. Pelo contrário, em muitos incêndios, você age com muita serenidade. Minha opinião, tá? beijos

Marília Côrtes disse...

Hahaha... aliás, você é uma das pessoas que pode realmente dar uma opinião sobre minha pessoinha aqui. Acho que sua leitura de mim é bem boa... vem ao encontro de como diria Stendhal. Legal vc aparecer por aqui. beijos

Mirhiane Mendes de Abreu disse...

Oi, Má, "Devagar a divagar" é um lindo título e que te resume, sem te reduzir a isso. Para mim, o que te move (e faz com que eu te admire) é amar sem limites, seja a literatura, seja a filosofia, seja mesmo o próprio ato de amar. Um beijo.

Marília Côrtes disse...

Obrigada Mih, a admiração é recíproca.

(To começando a achar que essas minhas amigas são mesmo umas experts em mim hehehe).

bjos