Toda vez que faço arrumações em meu quarto – que agora virou quarto de estudos ─ acabo revendo cartas e papéis que há muito estavam guardados ali. Sempre encontro umas coisinhas interessantes... relíquias, eu diria, que marcaram a minha vida.
Abri uma gaveta e encontrei hoje, pela milésima vez em tantos anos que guardei daqui pra lá e de lá pra cá, um livrinho pequenininho (desculpem-me a redundância, leiam como pura ênfase no tamanhinho dele), de capa dura, intitulado Amor Total.
Este Amor Total é, na verdade, um pequeno soneto de Vinicius de Moraes que, neste caso, apresenta-se numa edição ilustrada (com flores, folhas, pássaros e borboletas coloridas) por Joan Berg - Editora Record.
Eis o soneto:
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
(Vinicius de Moraes)
Bom, este soneto ganhei de presente de um outro poeta.
Ao abrir o livro, encontrei uma dedicatória assim:
Marília:
Mostra teu desenho do amanhã
(por certo colorido e em paz)
que eu assisto:
raiando o dia colorido
como teu desenho vivo.
Ao final, depois do soneto, mais algumas palavras daquele que me presenteou:
Nossa vida
um dia despertará
em uma imensa primavera
Sei esperar
sem precisar dormir
o vôo da andorinha
que me foge
como você
mas estou aqui
te esperando
como quem nunca separou
(Antônio Thadeu Wojciechowski, em 23/07/80).
[Agui... não precisa ficar com ciúmes, pois nosso amor já mudou de folhas, pétalas e plumagens, mas continua (um) presente!!!].
3 comentários:
Marília:
Nem sei bem como cheguei até aqui, mas cheguei e li com interesse o que há neste seu espaço onde a palavra merece sempre destaque. Já estou seguindo-a, embalada por Vinícius e morrendo de vontade de ler Lolita. Abraços.
PS: convido-a também a visitar o blog Ouvindo meus botões: mteresahf.blogspot.com
Oi Maria Tereza. Legal vc chegar aqui. E eu cheguei até aí também. Estou "in trânsito" mas já dei uma boa espiadela no seu blog (acho que temos algo em comum... palavras).
Quando eu voltar darei mais um passeio por ele que, de cara, já despertou meu interesse.
Obrigada pelo comentário e seja bem-vinda.
Um abraço,
obs: repostei o comentário 11 anos depois porque encontrei um erro de português(rs)
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