Também com os gregos, nos tempos do “nascimento de sua tragédia”, o destino fora um tema bastante discutido como nos mostra o clássico grego Édipo Rei escrito por Sófocles em torno do século IV a.C. Nessa obra, Laio, o rei de Tebas, é advertido pelo oráculo de Delfos sobre o trágico acontecimento de que seu filho iria matá-lo e, em seguida, casaria com sua mulher. Diante desse mau presságio, Laio tenta matar o filho Édipo quando este é recém nascido pregando seus pés e largando-o numa estrada afastada do seu reino. Anos mais tarde, ao retornar para Tebas sem saber que era a cidade onde nasceu e quem é seu pai, Édipo, em uma briga com o próprio pai acaba por matá-lo e, mais tarde, casa-se com sua mãe, também sem saber quem era esta. Neste exemplo de Édipo a liberdade da vontade parece ser completamente possível ao passo que a liberdade da ação não, pois o destino, que era representado como um deus, imperava entre humanos e em suas relações diárias e não só entre humanos, mas também sobre os deuses e até mesmo sobre o próprio Zeus – Deus dos deuses na mitologia grega. Portanto todos eles poderiam livremente sentir vontade para qualquer coisa, mas suas ações eram todas pré-destinadas.
Contudo, seria a idéia de destino tal qual os gregos pensavam de fato uma “má” observação acerca das coisas? Se pensarmos na natureza e analisarmos a idéia da grande explosão – big bang – tudo no universo outrora fora um ponto infinitamente pequeno e de densidade infinitamente grande que quando explodiu lançou todas as peças do quebra-cabeça no espaço-tempo. Newton se admitisse a idéia de começo dos tempos e das coisas, certamente diria que uma ação efetuada no passado como, por exemplo, impulsionar uma corda esticada e com isso produzir uma ondulação na mesma, certamente essa ação se refletiria em todos os “pontos” do futuro que, nesse caso, seria o mesmo que uma pessoa que estivesse do outro lado da ponta da corda percebesse a ondulação na corda tempos depois. É claro, a lei de Newton que diz que “para toda ação existe uma reação de igual ou maior intensidade” descreve um pensamento inteiramente determinista, o que não é completamente aceito na atual ciência da natureza. Com o advento dos princípios da mecânica quântica a idéia que se tem das coisas é que se alguém efetuar um impulso na mesma corda citada anteriormente, não necessariamente alguém do outro lado receberá a ondulação provocada inicialmente e, assim, tudo tornar-se-ia uma questão probabilística. O que nos remete de certo modo às idéias de David Hume. Neste caso seria possível, pois, driblar as “imposições” do primeiro e “extraordinário” acontecimento. Mas aí, como diz uma personagem de um filme chamado “Waking Life”, teríamos de nos perguntar se a liberdade consiste em um cálculo probabilístico de acontecimentos. Talvez, se se pensar em um determinismo na óptica newtoniana, seja mais possível conceber a idéia de liberdade, ainda que haja todo o determinismo a agir sobre cada um, ou todo o destino.
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