tag:blogger.com,1999:blog-28163705.post4801603597538664196..comments2023-11-03T01:45:44.507-07:00Comments on Marília Côrtes: Natureza atroz, paixão atroz... dúvidas atrozes!Marília Côrteshttp://www.blogger.com/profile/06402987003954501094noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-28163705.post-4411976502341449992008-06-18T10:56:00.000-07:002008-06-18T10:56:00.000-07:00Querida Marília.Acho necessário introduzir em noss...Querida Marília.<BR/><BR/>Acho necessário introduzir em nossa <I>dicussion</I> uma distinção entre querer algo e desejar algo. Vamos supor que eu possa querer não me interessar mais por futebol e não conseguir formar em mim um desejo com força suficiente para conduzir-me à libertação futebolística. Eu poderei, assim, sofrer com a derrota do meu querer pelo meu desejar. Quem é que sofre? Eu e minha vontade? Ou a paixão-vontade derrotada? Mas por que não comemorar pelo sucesso de minha paixão-desejo? Por que me identificar com a paixão-vontade? Eu posso escolher me identificar com uma ou com outra? Nesse exemplo, eu sou mais a minha vontade ou o meu desejo? Ou talvez eu não seja diferente das minhas paixões e simplesmente alguma força me ligue a elas por um mecanismo natural em que operam determinadas potências que decidem, a revelia de um suposto eu volitivo e autônomo, de que lado estará o fantasma do meu eu? (Advirto que uso as expressões força e potência apenas com função explicativa, não ontológica). <BR/><BR/>Imaginemos algo um pouco diferente.Eu penso que sou livre quando decido, depois de sofrível deliberação, que não há boas razões para abandonar minhas paixões futebolísticas. Alguém dirá que é uma falsa sensação de liberdade. Mas como provar que é uma falsa sensação de liberdade? Não te parece muito cômodo a alegação da falsa sensação de liberdade? Há a sensação da falsidade da sensação da liberdade? <BR/><BR/>Há uma passagem do Tratado, que você facilmente se lembrará, em que Hume afirma:<BR/><BR/><BR/><B>“Uma vez que a razão sozinha não pode produzir nenhuma ação nem gerar volição, infiro que essa mesma faculdade é igualmente incapaz de impedir uma volição ou de disputar nossa preferência com qualquer paixão ou emoção. Essa é uma conseqüência necessária. A única possibilidade de a razão ter esse efeito de impedir a volição seria conferindo um impulso em direção contrária à de nossa paixão; e esse impulso, se operasse isoladamente, teria sido capaz de produzir a volição. Nada pode se opor ao impulso da paixão, ou retardá-lo, senão um impulso contrário” (T 2.3.3.4/p. 450). </B><BR/><BR/>Hume utiliza claramente uma linguagem mecânica em que forças antagônicas disputam espaço a fim de determinarem nossas ações. Não pode haver autenticamente conflito entre vontade e desejo. Há conflito entre desejos e desejos. A definição de vontade que Hume oferece, a propósito, é reveladora de uma compreensão que destitui qualquer elemento ativo na volição humana. Nossa vontade não arbitra nesse conflito. Somos meros espectadores do embate de nossas paixões. Ficamos assistindo o desenrolar da luta, para uma vez decidida, sabermos: <I>“agora terei de ir para esse lado, afinal de contas o maldito desejo venceu a vontade. Amanhã voltarei para esse banco para assistir nova luta e fazer aquilo que me cabe: ver, em silêncio, o desenrolar de outra luta que decidirá os meus passos e, por que não dizer, a minha vida” </I>. Oh, Hume! Como sofremos por tua causa.<BR/>BeijoAguinaldo Pavãohttps://www.blogger.com/profile/15970018530875050526noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-28163705.post-27329668070294181792008-06-18T10:48:00.000-07:002008-06-18T10:48:00.000-07:00Este comentário foi removido pelo autor.Aguinaldo Pavãohttps://www.blogger.com/profile/15970018530875050526noreply@blogger.com